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Glória ao ‘RUI’. Nesta série portuguesa, o transformismo é um meio para um fim

Esta segunda-feira, 14 de Novembro, a RTP Play estreia ‘RUI’. Uma história sobre um homem que regressa aos palcos enquanto transformista de meia-idade e procura ressuscitar a relação com a filha.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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É mais um projecto saído do RTP Lab, um laboratório criativo que aposta na produção de conteúdos pensados para ambientes digitais: RUI estreou-se esta segunda-feira, 14 de Novembro, na RTP Play. Uma série criada por uma jovem equipa – como Ruben do Valle, o realizador, e Renato Rocha, o argumentista – que tem aqui o seu primeiro projecto de ficção, dividido em seis episódios.

Nesta nova série, acompanhamos o personagem Rui que, 20 anos depois, regressa ao mundo dos shows de transformismo com o seu alter-ego Glória, numa última tentativa de fazer as pazes com o passado. Uma história inspirada na vida de um transformista da Margem Sul, com quem o argumentista falou para entender melhor esta arte e também o mundo em que se desenrola. “O resto da sua investigação e inspiração surgiu da leitura de muitas entrevistas, livros, documentários e podcasts com experiências pessoais de homens que fazem do transformismo a sua profissão”, conta, numa conversa com a Time Out por videochamada, a produtora Carolina Carvalhais, que antes desta série tinha trabalhado na curta-metragem alemã PESTANA (2017), de David Helmut.

RUI é um projecto de uma pequena produtora portuguesa, a RecOdd, que Ruben do Valle e Marta Dias Coelho fundaram em 2019. Mas a criação foi, na verdade, uma parceria entre o realizador e o argumentista. “O Ruben ia dando ideias ao Renato, de coisas que gostava e imaginava filmar. Como realizador, criava já algumas imagens na cabeça, que depois o Renato traduzia em forma de guião. Um processo curioso, que se revelou altamente criativo. O Ruben é um realizador com uma sensibilidade visual muito forte e isso conjugou-se muito bem com o Renato, que foi criando a história e as personagens. Nas palavras do Renato, a série é uma boa história excelentemente filmada”, diz Carolina, revelando que a série acabou por ser filmada em 2020, em plena pandemia.

José Raposo
©DRJosé Raposo, como a Rainha

Rui é interpretado pelo actor Tobias Monteiro (Lua Vermelha, Ministério do Tempo, Amor Amor), a filha Mafalda por Inês Faria (Jogos Cruéis, Bem-Vindos a Beirais), num elenco que conta ainda com José Raposo no papel da Rainha, o maior transformista da noite lisboeta e mentor do Bar Afrodite (filmado no icónico bar lisboeta Finalmente), e com Igor Regalla como o autoritário dono do bar. “O Raposo tem uma história muito interessante. Eu ainda não estava no projecto e ele estava em cena com o Chicago. O Ruben foi ver o espectáculo e no final entregou o guião, tiveram uma conversa e o Raposo é uma pessoa muito empática e aberta a novos projectos. Posteriormente liguei-lhe e ele disse que estava muito curioso com o projecto”, recorda Carolina.

Um projecto que não se esgota no transformismo. “Não é a bandeira da nossa série. Ou seja, é um tema de que falamos, mas que não é o nosso mote. Mas tudo o que possa vir da discussão do que está a acontecer na série é extremamente pertinente. Para mim aqui uma das coisas que mais pesa é o facto de conseguirmos separar a arte que o Rui faz, a orientação sexual dele e a vida dele normalíssima. O Rui é segurança numa fábrica de revistas, não há nada na série que defina a sua orientação sexual, mas sabemos que a identidade de género é um homem, identifica-se como um homem cis, mas acaba por ter este alter-ego que é a sua Glória. Um lugar, um tempo onde ele encontra uma magia e vive um outro eu.” Para a produtora de RUI, esta é “a história de um homem que tenta encontrar o seu lugar”, numa série que fala essencialmente sobre as relações humanas e uma oportunidade para falar sobre sentimentos e sobre o amor que une um pai a uma filha.

A equipa não fecha a porta a uma segunda temporada, mas gostaria de voltar ao trabalho com melhores condições de trabalho, especialmente em termos de orçamento. No entanto, Carolina tece elogios ao projecto da RTP Lab, que dá uma nova esperança aos jovens talentos nacionais. “Que é não estares perdido algures no teu país, sem saber onde podes entregar o teu projecto ou estás cansado de entregar projectos a produtoras e ninguém quer saber. E nós aqui temos este espaço. Acho que, ao nível do serviço público, é uma mais valia, porque há uma opção, um poder de escolha que podes tomar.”

RTP Play. Estreia a 14 de Novembro (T1)

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