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Golfinhos no Tejo
Fotografia: Gabriell Vieira

Golfinhos no Tejo: cientistas recomendam criação de comissão de acompanhamento

O projecto lançado em 2021 para estudar a presença de golfinhos no rio Tejo apresentou esta segunda-feira o primeiro relatório da investigação. E defende que todos devem estar no mesmo barco, por um Estuário mais saudável.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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“Golfinhos no Tejo, por um estuário mais saudável” é o nome do primeiro grande relatório sobre o Estuário do Tejo e os seus golfinhos, realizado pela Associação Natureza Portugal | World Wide Fund For Nature (ANF|WWF) que anda de olhos postos nestes cetáceos há um ano. E a conclusão mais importante que partilhou esta segunda-feira na Biblioteca de Alcântara – onde decorreu a apresentação e onde em Agosto do ano passado o artista EDIS one pintou um mural no âmbito deste projecto – é que para que os golfinhos continuem a visitar as águas de Lisboa é preciso criar de uma Comissão de Acompanhamento do Estuário do Tejo

A equipa de investigação da ANF|WWF mostrou os dados recolhidos até ao momento, num projecto pensado a longo prazo que continuará a estudar a presença de golfinhos no rio– uma espécie que tem também ajudado a compreender todo o ecossistema do Estuário do Tejo, cujas águas estão hoje menos poluídas, em comparação com as últimas três décadas. Mas mesmo com o desenvolvimento de estruturas fundamentais, como o tratamento de águas residuais que resultou na melhoria da qualidade da água, há ainda um longo caminho a percorrer. “Como sistema altamente complexo e dinâmico que é, para compreender as visitas dos golfinhos, temos de conhecer primeiro o estuário e as várias fontes de pressão ambiental a que está sujeito. Só assim poderemos perceber que tipo de impactos e alterações estão a ocorrer devido às actividades humanas e definir acções efectivas para minimizar esses impactos, melhorar a sua saúde e permitir que as visitas dos golfinhos continuem. Como ponto de partida recomendamos a criação de uma Comissão de Acompanhamento do Estuário do Tejo, alicerçada na Área Metropolitana de Lisboa (AML), que inclua todos os stakeholders relevantes”, avançou Ângela Morgado, directora executiva da ANP|WWF, que sublinhou ainda a responsabilidade das empresas pela saúde do rio. “As empresas que dele beneficiam têm não só a responsabilidade de diminuir a pressão sobre este sistema natural, como de apoiar o desenvolvimento do conhecimento científico sobre o estuário, colaborando activamente para garantir a sua proteção.”

Além da criação de uma comissão de acompanhamento, o relatório apresentado oferece uma série de outras recomendações, que se interligam, como a recuperação e o restauro de habitats de grande valor ecológico, como sapais e pradarias marinhas; a melhoria do conhecimento das interações dos golfinhos com as actividades de pesca, para evitar capturas acidentais; a criação de bases de dados públicas de fácil acesso, de forma a potenciar a partilha de informação entre todos; a melhoria da vigilância e fiscalização no estuário e zonas adjacentes; ou mesmo a promoção de acções de sensibilização e literacia ambiental para os habitantes da AML que, de resto, podem começar por consultar o relatório, disponível na página oficial da ANF.

Durante a sessão de apresentação, a possibilidade da criação de um aeroporto em Alcochete também veio à baila. “Do ponto de vista ambiental não tem a mínima lógica”, defende Marisa Baptista, investigadora na área Biodiversidade e Funcionamento dos Ecossistemas, que lamenta quererem “ocupar o pouco que nos resta de paisagens naturais no Estuário do Tejo”.

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