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Grauº Cerâmica
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Grauº Cerâmica: um estúdio caseiro onde o barro ganha formas tribais

Escrito por
Francisca Dias Real
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A Grauº Cerâmica é um rebento da pandemia. Ganhou forças alimentado pelo tempo livre e pela vontade em pôr as mãos na massa de Isac Coimbra e Diogo Ferreira. Máscaras tribais, jarros e móbiles enfeitam o ainda curto catálogo deste estúdio de cerâmica caseiro. 

Um curso de cerâmica que fizeram antes de terem ficado confinados deixou que o bichinho dos trabalhos manuais começasse a ser mais que um mero hobby. Isac dedicava grande parte do tempo à arquitectura, enquanto Diogo estava embrenhado no mundo do design antes de esta crise pandémica rebentar na cara de todos. Viram-se obrigados a deixar para trás as empresas onde trabalhavam e fizeram do barro uma terapia produtiva para os tempos mortos e para a ansiedade.    

“Ainda antes de ser decretada a quarentena já estávamos a prever que tal fosse acontecer e começámos logo a pensar como é que podíamos transformar uma divisão da nossa casa num mini estúdio”, conta Isac. “Tivemos tempo para de facto ver e pensar o nosso trabalho de uma perspectiva mais comercial”.

Grauº Cerâmica
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Começaram a produzir algumas peças e os elogios de quem as via foram o motor para a Grauº nascer. “Foi tudo muito rápido e muito orgânico ao mesmo tempo, tivemos um empurrão que precisávamos para começar uma coisa nossa. Fiz o design da marca, criámos um Instagram e uma página no Etsy e de repente começámos a ter encomendas”, explica Diogo.  

O ponto de partida foram as máscaras de cerâmica, num estilo a que Isac e Diogo gostam de chamar “novo tribal”, a propósito da ligação de ambos ao continente africano e à arte tribal daquelas terras, onde foram buscar inspiração, reinterpretando-a. “Tentámos dar um twist à arte africana, e tentámos puxar por um lado mais minimalista que nos caracteriza a nós, nas nossas profissões e no nosso gosto”, diz Diogo.

Grauº Cerâmica
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O leque cresceu para os móbiles, muitos com detalhes de corda e juta, para os jarros e algumas peças de tablewear. É tudo feito à mão no pequeno estúdio, apenas a cozedura é feita fora – e até nisso a dupla já pensa investir em breve. “O acto da cerâmica é um acto de humildade, é o barro que manda e temos de ceder àquilo em que se vai transformando”, comenta Isac.  

A dupla salienta que a situação de confinamento obrigou as pessoas a olhar para dentro e para o que é nosso. “Há novas dinâmicas na vida de todos. E o bom da cerâmica é que nunca há uma peça única e hoje em dia as pessoas dão valor a essa personalização, ao que é português e feito à mão”, continua. 

O futuro é incerto, assim como para muitos artesãos, mas a vontade destes dois em continuar é muita. Já equacionam um site próprio, para concentrar as vendas, e querem explorar o mercado das lojas físicas, estando agora à venda apenas no café Hello, Kristof, no Poço dos Negros. 

“Pusemos as nossas peças no Hello, Kristof poucos dias antes de eles fecharem por causa da pandemia, não conseguimos ainda perceber como funciona o mercado”, diz Diogo. “Mas é uma aposta que queremos fazer, é estar fisicamente presentes em mais sítios, até porque a experiência do consumidor em ver e poder tocar nas coisas é completamente diferente”.

Enquanto isso, as peças desta dupla continuam à venda no Instagram, no Facebook, com entregas gratuitas na zona de Lisboa, e no Etsy, para chegar a um público internacional.  

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