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Há um Jardim da Celeste em Alvalade. E está a ser recuperado

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Em Alvalade estão a ser reabilitados velhos logradouros do Bairro das Caixas. Fomos ao Jardim da Celeste e espreitámos a limpeza de um terreno.

Comecemos por recuar ao final dos anos 50 do século passado. Um bairro de linhas modernistas foi erguido em Alvalade. Chamaram-lhe Bairro das Caixas – porque foi financiado pela então Caixa de Previdência – e destinava-se a funcionários públicos. Arrendatários que, 40 anos depois (acabámos de avançar rapidamente para os 1990s) puderam adquirir as habitações.

Ainda tem fôlego para viagens no tempo? Saltemos agora para 2016, quando a Junta de Freguesia de Alvalade arrancou com um projecto de intervenção para um conjunto de logradouros escondidos entre os condomínios do Bairro das Caixas: primeiro nas envolventes das escolas básicas Santo António e dos Coruchéus, e nos anos seguintes com a requalificação dos que ficavam nas traseiras da Rua Afonso Lopes Vieira, onde foram recuperados os espaços verdes e foi criado um parque hortícola, caminhos pedonais e estacionamento ordenado para moradores.

Uma acção semelhante à que está a ser desenvolvida agora (sim, estamos finalmente de volta ao presente) nos logradouros junto às ruas Antónia Pusich e João Lúcio. Aí, os moradores foram ao longo dos anos criando hortas com água das suas próprias casas e erguendo anexos de apoio à miniprodução agrícola, que irão ser demolidos.

Fotografia: Inês Félix

O objectivo do projecto é que este espaço tenha 18 lugares de estacionamento, pomares, zonas de merendas, um parque infantil (que até já existiu em tempos) junto à escola básica Santo António e hortas urbanas, que serão atribuídas mediante concurso público e entregues com fornecimento de água para rega. Por sugestão dos moradores, está ainda a ser desenvolvido “um projeto cultural/educativo integrando espaço de cultivo, um abrigo de gatos, um abrigo para aves e estacionamento (abrigo) para bicicletas”, avança a Junta à Time Out.

Uma das moradoras do condomínio em questão, que se tem manifestado nas redes sociais, queixa-se que a opção de estacionamento neste espaço “contamina as hortas” e “aniquila a tranquilidade deste verde”. Regina de Morais tem sido uma voz sonora em várias páginas de Facebook – e foi ela própria que baptizou o logradouro de Jardim da Celeste, em homenagem a uma vizinha que sonha com um “jardim com bancos para os velhos, baloiços para as crianças e fruta para elas comerem”. “Claro que cria constrangimentos, mas temos de fazer a gestão de todas as vontades”, responde José António Borges, presidente da Junta.

Fotografia: Inês Félix

Neste momento, já foi parcialmente reparado o caminho junto ao muro da escola e instalados pilaretes para controlar o estacionamento selvagem. Entretanto decorrem as obras de limpeza no logradouro e depois será feito um “levantamento topográfico rigoroso” – que não foi feito antes, explica a Junta, pelas condições em que o espaço se encontrava com “vegetação descontrolada, atulhado de lixo” e com “construções irregulares e automóveis”. Só depois de um outro levantamento (tempo de espreitar o futuro), é que será desenvolvido um caderno de encargos. Pode conhecer melhor o projecto em www.jf-alvalade.pt.

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