A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar

Janeiro convoca os amigos para “celebrar” as suas canções

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
Publicidade

O músico apresenta frag•men•tos no Estúdio Time Out, nesta quinta-feira. O alinhamento conta com Carolina Deslandes, Tainá Mota, Paulo Novaes e Pedro Dias.

A ideia, inicialmente, é fazer uma entrevista tradicional. Pergunta e resposta. Mas não dá. Em vez de uma entrevista, tem-se uma conversa. A dada altura o entrevistador está a falar tanto como o entrevistado. De repente, Henrique Janeiro, o cantor que conhecemos apenas como Janeiro, apercebe-se das horas: “Eish, tenho de bazar!”. “Entretanto não falámos de nada das coisas que não interessavam.” Coisas como o concerto desta quinta-feira, em que o jovem músico português vai tocar, aliás, “celebrar” as canções do álbum frag•men•tos, do ano passado.

Muitas pessoas terão descoberto Janeiro quando ele cantou “(sem título)” no Festival da Canção, onde foi parar a convite do amigo Salvador Sobral. Outras terão visto o seu nome pela primeira vez nos créditos de Nome Próprio de Ana Bacalhau, para quem escreveu umas canções. “Quando a conheci foi um bocado estranho, porque ela abordou-me e disse que sabia quem eu era”, recorda. “Eu fiquei naquela: ‘Não sabes nada, que estupidez’. E ela: ‘Não, tu és o Janeiro. Fizeste um EP que curti bué’. Depois começámos a conversar.”

O EP que Ana “curtiu bué” foi produzido por Benjamim, um dos convidados do concerto de quinta-feira no Estúdio Time Out. Além dele, Janeiro convidou Carolina Deslandes, Tainá Mota, Paulo Novaes e Pedro Dias para o acompanharem em Lisboa. Mas isso nem é o mais importante. “O que vai ser especial aqui vai ser o próprio formato”, revela. “Vamos fazer um filme que é um concerto, que é um teatro. Vai haver um realizador a filmar tudo o que se está a passar e isso está a ser projectado em directo. Basicamente, nós somos performers desse filme que está a acontecer, ao mesmo tempo que estamos a fazer a banda sonora.” É menos confuso do que parece. 

A ideia de ter um realizador a filmá-lo surgiu por causa de Frank Ocean. “Ele foi ao [festival] FYF e convidou o Spike Jonze para o filmar em palco durante o concerto.” E Janeiro adora o cantor americano. De facto, há qualquer coisa de Frank Ocean na sua música e postura. “O gajo é mesmo a minha cena”, diz quando o confrontamos com isso e tentamos falar sobre os músicos que o inspiram.

Momentos antes do fim da conversa, já é Janeiro quem faz perguntas. “Achas que foi o governo americano que mandou as torres abaixo em 2001?” Não, de todo. “Foi quem, então?” Fundamentalistas islâmicos, sobretudo sauditas. “Então e o moon landing?” Isso já é mais difícil de responder. “Ya. Achas que foi o Kubrick? Eu acho que foi encenação.” Dito isto, levanta-se e vai mudar a música. Mete a “Provider” do Frank Ocean. É isto que lhe interessa.

Estúdio Time Out. Qui 21.30, 10€

+ O bairro de Stereossauro tem hip-hop com fado dentro

Últimas notícias

    Publicidade