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Jaquinzinho: em casa do tio Quim só se serve peixe

Escrito por
Inês Garcia
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O tio Quim é um pescador português que já viajou muito e passou por muitas zonas portuárias, especialmente asiáticas, antes de assentar numa casa modesta na rua da Esperança, na fronteira Madragoa-Santos. A personagem é fictícia mas faz parte do imaginário criado para o Jaquinzinho, um restaurante de peixe fresco. 

Vai precisar de tocar à campainha para entrar, afinal esta é a casa do tio Quim. Mas quase não seria preciso isso para manter o imaginário da casa do pescador – a decoração foi pensada ao pormenor, das gabardines amarelas dos pescadores, penduradas à entrada, às algas no tecto, os pequenos barcos em madeira nas paredes, as redes a mimetizar ferrugem no balcão. 

As gabardines dos pescadores penduradas à entrada
Fotografia: Manuel Manso

Depois de mergulhar em todos os detalhes do espaço, vai chegar-lhe o pão à mesa, oferta da casa, da Gleba, grelhado e servido com manteigas que vão variando, como as de limão e pimento assado. O passo seguinte é perguntar pelos jaquinzinhos que dão nome à casa, aqui servidos com maionese de trufa (13,50€). São eles o petisco que serve como ponto de partida para a refeição, mas há sempre um aviso à navegação: esta casa vive das apanhas e entregas diárias de peixe fresco e pode haver sempre baixas. No dia em que a Time Out visitou o espaço, os jaquinzinhos não fizeram parte da apanha.

Amêijoas à Jaquinzinho
Fotografia: Manuel Manso

Este Jaquinzinho é um “cruzamento entre o Velho e o Novo Mundo”, explicam as responsáveis pela comunicação do restaurante, e por isso tem o balcão de bar à entrada, com uma carta de cocktails de autor, como o Barba Rija ou o Sem Espinhas. Na carta esse cruzamento verifica-se logo nas entradas, onde as amêijoas à Bulhão Pato aqui são à Jaquinzinho, com erva-príncipe e gengibre a dar um toque asiático (19€), e o choco frito setubalense chega numa tábua com maionese de tinta de choco (11,50€).

Choco frito
Fotografia: Manuel Manso

Os pratos principais dividem-se entre propostas frias e quentes, sendo que é nas primeiras que mais se notam as influências das viagens deste pescador, com o tártaro de dourada com picado de manga, gelado de maracujá e chuchu braseado (18,50€), ou as lascas de robalo com arroz de tinta de choco, molho tailandês e berbigão (21€).

Cantaril grelhado com salada de tomate e pepino
Fotografia: Manuel Manso

Nos quentes, mais tradição e herança culinária portuguesa (a começar nos tachos em inox, à antiga), mas ainda assim com uns toques orientais. Há sopa de peixe à Nona (15€, para duas pessoas), açorda de bacalhau e gambas servida no pão (36€, para duas pessoas), tachinhos de arroz de polvo (20€ para uma pessoa, 38€ para duas) ou de arroz de tomate, aqui feito com a lima kaffir a dar frescura, a acompanhar filetes de peixe galo (20,50€). Para algo mais típico, pode pedir o peixe do dia grelhado, que pode ir do robalo e dourada ao cantaril e linguado, sempre à vista na montra do chef, com cozinha aberta. Ou ainda o peixe do dia ao sal, disponível apenas por encomenda, e para o qual pode pedir acompanhamentos como a simples salada de tomate e pepino regada com azeite (4€), os legumes da época salteados (4€), o arroz de tomate (5€), a batata salteada (5€) ou o puré de batata doce trufado, mas suave (5€).

Arroz de tomate com filetes de peixe-galo
Fotografia: Manuel Manso

A carta de vinhos do restaurante também acompanha a proximidade ao mar, tendo sido escolhidos maioritariamente aqueles cujas vinhas são próximas do oceano e têm mais salinidade. Falamos, por exemplo, do Vicentino ou do Arinto dos Açores. Apesar de ser um restaurante exclusivamente de peixe, também há vinho tinto, propostas escolhidas a dedo para que a bebida não anule o sabor do peixe.

Creme de masala chai com fruta da época e bolo de cardamomo preto
Fotografia: Manuel Manso

À sobremesa continua a viagem – pode sempre pedir um pijaminha de sobremesas, que o chef, perdão, o tio Quim, é homem para lhe fazer a vontade. Mas se quiser uma só para si, prove o creme de masala chai com fruta da época e bolo de cardamomo preto (7€) ou o bolo de chocolate da Nona, húmido q.b, com gelado caseiro de amendoim (7€).

Rua da Esperança, 25 (Santos). 21 395 0100. Dom, Qua-Qui 12.30-00.00, Sex-Sáb 12.30-01.00.


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