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João Blümel volta aos palcos para ler mentes e falar sobre realidade virtual

João Blümel não tem super-poderes, mas lê mentes. O seu novo espectáculo, que estreia já na segunda-feira, inclui realidade virtual e convidados especiais.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Tudo começou com uma caixa de magia do Luís de Matos. João Blümel, então um miúdo perfeccionista com oito ou nove anos, praticou a arte do ilusionismo até à exaustão. Mas foi só mais tarde, já depois da adolescência, quando travou conhecimento com a chamada programação neuro-linguística, que começou a pensar como poderia criar espectáculos onde os truques fossem técnicas de psicologia, sugestão e linguagem corporal. Depois da primeira performance, em 2008 (curiosamente o mesmo ano de estreia da série norte-americana O Mentalista), o entertainer passou por vários palcos – e até pela televisão nacional e estrangeira. Agora, volta à cena com The True Influencer, a sua sétima criação, que arranca no Teatro Villaret a 7 de Setembro e se prolonga até dia 28, para quatro sessões com participações especiais de Salvador Sobral, Nuno Markl, Fernanda Serrano e Inês Aires Pereira.

“Eu antes actuava de fato, entretanto decidi actuar como eu próprio”, brinca, antes de se pôr em frente à câmara para as fotografias para a Time Out. É assim, com à-vontade e humor que, durante uma hora e um quarto, João Blümel promete espantar o público com uma performance invulgar. A premissa é sempre a mesma: adivinhar o que vai na cabeça das pessoas – sem recurso a quaisquer capacidades de médium ou telepatia, esclarece. “Faço-o, em diferentes formatos, através da análise e influência do comportamento humano. Chamo os espectadores e peço-lhes para pensarem em palavras, objectos, nomes, números. Depois tento adivinhar.” Para o fazer, não dispensa um breve interrogatório, durante o qual avalia micro-expressões, a forma como o outro comunica e os inevitáveis padrões.

João Blümel
Fotografia: Gabriell Vieira

O cepticismo faz parte. O próprio confessa ter desconfiado, porque “parecia uma coisa muito de, sei lá, mover objectos com a mente ou falar com os mortos”, diz, por entre risos. “Não faz sentido nenhum e não é isso obviamente.” De resto, já está habituado aos espectadores mais difíceis. Os homens, em particular, costumam subir a palco de braços cruzados e rosto fechado, em jeito de desafio, conta. “Se calhar é uma generalização, mas sinto mesmo a diferença. A maior parte dos homens chega ao pé de mim do estilo ‘a mim não me enganas, mentalista de um raio’. Mas não é nenhum super-poder, são muitos anos de estudo e uma intuição e predisposição natural.”

Pela primeira vez, Blümel irá também recorrer a alta tecnologia, inclusive realidade virtual e aumentada, para uma experiência imersiva e interactiva, que está a desenvolver há dois anos. “Sou um bocado geek – e sou capaz de ser um pouco obsessivo – mas penso sempre onde é que posso encaixar o que faço nas temáticas pelas quais me interesso. É de facto a melhor maneira de ser original”, garante. “É também um grande desafio, porque no mentalismo quanto mais tecnologia utilizas mais as pessoas desconfiam.” Oportunidade perfeita para reflectir sobre o impacto de aplicações como o Facebook e o Instagram, sugere. “Nós temos metade da nossa vida nas redes sociais e às vezes nem nos apercebemos.”

A estrutura base são quatro ou cinco números. “Posso fazer mais um, não sei, vão ter de ir para ver, mas em cada número uma pessoa terá oportunidade experimentar uma determinada ferramenta tecnológica [como óculos VR] e pensar sobre a sua identidade digital.” Resumindo, o palco terá espaço para Blümel, o convidado da noite e um espectador à vez. “Para termos o maior cuidado possível, e porque não posso ter tantas pessoas em palco como gostaria, há mais uma novidade”: o resto da audiência poderá participar através do acesso a uma aplicação concebida de propósito para esta nova produção. Já é possível encontrá-la na Play Store, apesar de ser pouco provável perceber sozinho o que fazer com ela. “Podem descarregá-la, é gratuita.”

Feliz por voltar às luzes da ribalta, João Blümel acredita que esta é uma oportunidade única para aproximar as pessoas, mas também para pôr o seu “momento Eureka em prática e espalhar a febre da realidade virtual”, que partilha com um dos convidados especiais. “O Nuno Markl fez um post sobre os Oculus Quest, que são os óculos VR que utilizo, mandei logo mensagem e entretanto lançámos uma série na Cave sobre isto.”

No Villaret, Blümel vai ensinar umas técnicas aos convidados e eles também vão tentar ler mentes. Pode correr muito mal, mas também pode correr muito bem. Vamos ver. “Eu exijo uma sala cheia”, avisa, provocador. “Esta pandemia tem sido devastadora, especialmente para a comunidade artística. Não há falta de criatividade, há falta de investimento e é muito importante nesta altura o público mostrar o seu apoio e carinho aos artistas e às artes performativas.”

Teatro Villaret, Av. Fontes Pereira de Melo 30A. Seg 21.30. 12€ (à venda na Ticketline).

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