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Cais do Sodré Rua cor de rosa
Gabriell Vieira

“Lisboa sai do armário”. Este percurso quer tornar a cidade mais inclusiva

O percurso organizado pelo Museu de Lisboa acontece esta quarta-feira, dia 1. O objectivo é dar a conhecer vários pontos da cidade e “desconstruir uma série de mitos”.

Joana Moreira
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Joana Moreira
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É no Largo de São Domingos que tudo começa. Paulo Cuiça, mediador cultural do serviço educativo do Museu de Lisboa, é o guia do percurso “Lisboa sai do armário”, que se propõe a dar a conhecer “o lado LGBTIQ de Lisboa, passando por sítios, bares e restaurantes ligados a este movimento”. A próxima edição acontece esta quarta-feira, dia 1 de Dezembro.

A ideia é “quebrar os tabus, os mitos e clichés que existem”, diz o guia à Time Out. “Começamos no Largo de São Domingos, o sítio onde normalmente eram feitos autos de fé, porque a História mostra-nos isso, [havia] autos de fé em Lisboa de algumas pessoas por gostarem de pessoas do mesmo sexo, por praticaraem sodomia…”

O périplo pela cidade acontece em Dezembro pela terceira vez, depois de duas tímidas edições com limitações da pandemia. Desta vez, a caminhada arranca às 17.30 e estende-se ao longo de quase duas horas. Inclui paragens no Rossio e na Praça do Município, onde habitualmente se realiza o Arraial Pride. Em cada momento, Paulo vai contando histórias, respondendo a perguntas e matando a curiosidade de quem o acompanha. 

A visita segue em direcção ao Cais do Sodré e até à famosa rua cor-de-rosa. “Falamos um bocadinho da noite, e da confusão que há muitas vezes entre identidade de género e prostituição. Que é um dos estigmas que se coloca muitas vezes à comunidade”, alerta o guia.

O percurso continua Lisboa acima até à Bica. “Falamos sobre as marchas e das comunidades que [ali] se vão instalando, falamos da ideia de que Lisboa é uma Lisboa, mas depois tem muitas ‘Lisboas’ lá dentro. E os bairros populares têm todos estes grupos que são completamente aceites na comunidade quando o resto da cidade ainda olha para eles de lado”, explica. “Identificamos que na Bica, por exemplo, havia uma grande comunidade de travestis a viver naquele sítio”. 

Bica
Joana Freitas

A subida continua até ao Bairro Alto, onde a proposta é uma viagem até aos anos 80. “É impossível não falar no António Variações, é impossível não ir ao Frágil, é impossível não passar no Sudoeste, não passar no Purex. Todos estes sítios acabam por ter alguma ligação e ser pioneiros no acolhimento e na possibilidade de toda a gente se divertir. Não é um sítio exclusivamente gay, mas é um sítio onde há liberdade e em toda a gente se pode expressar, enquanto se calhar noutros sítios não era tão possível naquele tempo.”

O passeio termina no Largo Camões, “a porta de entrada da noite”. “É o sítio onde toda a gente se encontra”, diz Paulo. Durante a visita-guiada são abordados ainda outros locais da cidade, como o clube Finalmente, a discoteca Trumps ou a zona das Mercês, não estando estes incluídos na rota para não esticar a duração do percurso. 

“Não vamos mostrar guetos porque não há guetos”

“Não há nenhuma história escrita da vida homossexual em Lisboa. Nós fomos à procura dessa história e fomos à procura dos sítios que as fontes nos revelam, mas que também são do domínio público”, conta Paulo sobre a ideia que nasceu “porque identificamos que Lisboa é de muita gente e é de toda a gente”.  “A ideia é mostrar os sítios de Lisboa onde de alguma forma estas pessoas estão e toda a gente está. Nós não vamos mostrar guetos porque não há guetos [em Lisboa]”, remata.

O passeio Lisboa sai do armário foi criado antes da pandemia e em parceria com a ILGA – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero. Por uma questão de agenda, a associação acabou por não estar envolvida nas sessões.

Lisboa sai do armário. Partida no Largo São Domingos. Qua, 1. 17.30. 5€.

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