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“Às vezes é preciso parar para escutar.” As palavras são de Raquel Castro, fundadora e curadora do Lisboa Soa, festival experimental sonoro que tem desafiado os lisboetas a participar em experiências auditivas em vários espaços da cidade, incluindo instalações, concertos, workshops ou passeios sonoros. Após a maior edição de sempre, que em 2020 se estendeu por toda a cidade debaixo do chapéu de Lisboa Capital Verde Europeia, este ano o Lisboa Soa apresenta uma “não-edição”, consistindo apenas no lançamento de um livro, Arte Sonora, Ecologia e Cultura Auditiva – Lisboa Soa 2016-2020, seguido de um evento sonoro no Castelejo.
Raquel Castro sentiu a necessidade de pensar em algo que perdurasse no tempo. Foi assim que nasceu Arte Sonora, Ecologia e Cultura Auditiva – Lisboa Soa 2016-2020, que apesar de recordar sons passados, não é um catálogo. Nele encontram-se os ambientes do festival, com destaque para as instalações sonoras, e inclui uma série de 11 entrevistas registadas pela curadora, detentora de um “espólio enorme de entrevistas, com grandes referências internacionais”, na área da arte sonora. Um livro direccionado “para quem quer saber mais, pensar mais sobre o som, ecologia acústica ou captação”. E que está à venda nas livrarias Ler Devagar e Ferin.
O lançamento está marcado para as 18.00 do dia 19 de Setembro, domingo, num evento que irá decorrer no Castelejo, uma fortificação do Castelo de São Jorge. Pelas 18.30 terão lugar sessões de escuta de composições criadas a partir dos arquivos do Lisboa Soa, com artistas convidados, e às 19.30 acontece um concerto único que também viaja pelas memórias do festival. Ao palco sobem as esculturas-instrumentos de Victor Gama com os ambientes sonoros registados em edições passadas, remisturados e processados ao vivo por paL (Pedro Almeida). A entrada é livre, mas está limitada a dois bilhetes por pessoa que podem ser levantados na bilheteira do Castelo de São Jorge.
Terminada esta etapa do Lisboa Soa, Raquel Castro irá fazer as malas rumo à Noruega para assistir ao Ultima Oslo Contemporary Music Festival, um dos cinco festivais com a sua curadoria, após ter vencido um open call lançado pelo projecto Sound Art in Public Spaces, financiado pelo programa Europa Criativa. Os outros são o Wilde Westen, na Bélgica, que arranca já em Outubro; o November Music, nos Países Baixos, com início em Novembro; e o grego Onassis Stegi, planeado para Julho do próximo ano, antecedendo a edição seguinte do Ultima, em Oslo, que começa em Setembro de 2022.
Se teremos um Lisboa Soa no próximo ano, Raquel confessa não saber. Ainda está tudo em aberto. “Gosto muito de ver o Lisboa Soa a acontecer e gostaria que passasse desta primeira infância para a adolescência. Mas nunca nada é garantido”.
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