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Em Maio de 2023, quatro sócios abriam uma pequena loja de ténis no último andar do hotel Tivoli, na Avenida da Liberdade. Entre modelos de culto e marcas internacionais, a Kolab angariou uma clientela fiel, composta por craques da bola e apreciadores das tendências urbanas, no geral, e frequentadores do restaurante que ficava ali mesmo ao lado – o Seen –, em particular. Dois anos depois, a ideia de ter uma loja essencialmente voltada para o público masculino reinventa-se. O ténis deixaram de estar no centro do negócio e há um conhecido internacional português que se assume como sócio, Nuno Mendes.
"Tenho uma relação de longa data com ele, porque também jogava à bola e joguei com o Nuno seis anos no Sporting. Ele acompanhou o nosso processo, no Tivoli, e tem estado cada vez mais into fashion, digamos. Apresentámos-lhe o projecto e ele não hesitou. E, mesmo estando fora, tem sido uma pessoa super presente no dia-a-dia", explica Francisco Tilli, um dos sócios da Kolab, juntamente com Rafael Benzinho e Tiago Fonseca.

Já não há loja no Tivoli – é agora ocupada pela Garrafeira Nacional –, e o espaço em Entrecampos, dedicado à reparação e limpeza de ténis passou para outras mãos. Todas as energias estão agora concentradas na nova Kolab, que abriu em Maio na Praça dos Restauradores. E não é para menos. São três pisos de loja e uma viragem no posicionamento. Os ténis continuam a ser a primeira coisa que vemos à entrada, mas há muito mais para descobrir.
"Mudámos completamente a nossa dinâmica. Antes, só fazíamos revenda de produto. Agora, somos uma concept store com contacto directo com as marcas. E surge muito das nossas viagens a Paris, Londres, Milão. Íamos lá comprar roupa para nós, porque cá não havia nada", explica Rafael. "A outra loja era super luxo, os preços eram super elevados, acabava por ser para um nicho. Aqui, tanto podes comprar uma t-shirt de 60€, como uma de 300€ ou 400€. E é uma concept store – tanto podes comprar uma t-shirt, como um livro ou um sabonete", completa Francisco.

O exemplo é real. Distribuída por três pisos, a nova loja reúne uma parafernália de artigos. Depois dos ténis à entrada, é a roupa que fala mais alto descidas as escadas. Numa tentativa de diversificar os preços, mantendo ao máximo a exclusividade das marcas propostas, a nova Kolab lançou mão de etiquetas como a francesa Encré, a neerlandesa Filling Pieces, a portuguesa Realm ou a americana Found. O streetwear no seu estado mais puro está representado pela Beautiful Struggels, do ex-futebolista Danny Williams, e, ainda da loja anterior, transitam as peças de luxo da Casa Blanca.
"É uma oferta diferente do que havia em Lisboa. Estamos a tentar não trazer marcas que já estejam na Stivali, na Fashion Clinic ou até na Parlamento. O que queremos mesmo é ser diferentes. Estivemos agora em Paris, na fashion week, a fazer novos contactos e vamos adicionar mais seis ou sete marcas ao nosso portefólio", continua Rafael. Apesar da loja estar orientada para a moda masculina, a versatilidade e fluidez de muitas das marcas tem atraído também mulheres, sobretudo quando "o streetwear feminino, em Portugal, está sem representação nenhuma", como assegura Rafael.

Continuamos na cave. Além da selecção de marcas e peças piscar o olho a jovens consumidores, também o espaço combina o charme de peças antigas, com a traça minimalista dos expositores. Em ambos – moda e interiores – está o dedo de um velho conhecido, o designer Ricardo Preto. "Desde o primeiro dia que falámos, soubemos que era a pessoa perfeita para abraçar o projecto", assinala Francisco. "O Ricardo fez a direcção criativa da loja, todas as ideias foram dele, e a execução foi da Inês Cortesão, que é arquitecta", completa Rafael. A influência do designer estende-se à escolha de colecções, à selecção da própria equipa da loja e, claro, às cores e peças de mobiliário, muitas delas vindas de casas de antiguidades.
No primeiro andar, o cenário é outro. Em vez de roupa, encontramos um espaço dedicado aos acessórios, mas também a artigos de lifestyle. Há livros da Taschen, sabonetes e fragrâncias Claus Porto e cerâmicas Bordallo Pinheiro, lado a lado com peças Jacquemus, mochilas The North Face, jóias de Maria João Bahia, feitas exclusivamente para a Kolab, uma secção de óculos de sol, com curadoria da Wide Shades, e uma outra dedicada à perfumaria, aqui com o selo da Otro.

Resta-nos o piso térreo, cartão-de-visita para quem passa na larga calçada deste canto dos Restauradores. A sala está reservada aos ténis e assim continuará, embora a selecção de marcas e modelos ainda vá levar uma volta. A hegemonia da Nike tem os dias contados. Vai abrir espaço para modelos seleccionados de marcas como a New Balance, Salomon, Asics, On e Converse. Aí sim, a harmonização entre roupa, calçado e acessórios estará completa.
Praça dos Restauradores, 12 (Restauradores). Seg-Dom 10.00-20.00
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