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Livraria da Travessa traz os livros do Brasil para o Príncipe Real

Escrito por
Francisca Dias Real
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“Os livros são objetos transcendentes”: é Caetano Veloso que canta, Rui Campos repete e faz do verso mote de negócio. Rui é o fundador da famosa carioca Livraria da Travessa que abre portas este domingo no Príncipe Real, integrada na Casa Pau-Brasil. Este é o primeiro espaço fora do Brasil, onde já existem oito, e traz o mesmo conceito que por lá vinga há 44 anos – uma livraria de bairro com uma curadoria literária única e programação cultural a condizer.

A história de amor com os livros começou em 1975, numa pequena livraria dentro de uma galeria em Ipanema. “Na altura vivia-se um momento de opressão, e nós lá na livraria tínhamos a missão de criar um movimento cultural, porque a vanguarda é inimiga do autoritarismo”, afirma Rui. O leque de autores na altura tinha pelo meio muitos nomes portugueses, entrelaçados com incontornáveis brasileiros, até porque, confessa-nos, “há uma paixão muito grande dos brasileiros pelas edições portuguesas e os seus autores”.

Para Lisboa trazem uma valente bagagem para distribuir por mais de 300 m2 e dividi-la entre áreas como Literatura, Fotografia, Arquitetura, Artes, Ciências Humanas ou Biografias. O lote de autores portugueses continua a pesar nas escolhas editoriais da livraria com nomes António Lobo Antunes, Mia Couto, Alexandra Lucas Coelho, Miguel Torga, Maria Gabriela Llansol ou Eça de Queirós.

Para folhear em brasileiro, “há muitos autores emergentes para descobrir". "Mas não podíamos passar ao lado dos incontornáveis”, diz, como Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Machado de Assis, Lilia Moritz Schwarcz, Jorge Amado, Chico Buarque ou Milton Hatoum. A Travessa tem também uma secção infantil só para eles e um pequeno cantinho com cadeiras para leituras miudinhas, que é como quem diz, para os gaiatos se entreterem enquanto os mais velhos se perdem noutros mares literários.

Ao cliente de livraria tudo importa, porque “a beleza do livro passa o que está escrito lá dentro”, diz o fundador. “O papel, o design, a capa, a tipografia, até o cheiro, tudo importa quando está perante um livro”, exemplifica, justificando o cuidado que na Travessa se tem na hora de escolher o que ocupa as prateleiras.

“A cultura como um todo precisa de ser cultivada. Você não morre de inanição sem cultura, é como na comida – você não precisa do garfo e da faca para comer, mas há normas sociais que dizem que sim”, afirma. “E o livro é esse transmissor da herança cultural. Se fosse possível medir os raios ultravioleta que emanam de uma livraria e até onde eles vão em termos de contribuir para a qualidade da cultura seria magnífico”.

Para complementar o espaço, a livraria terá nas próximas semanas um café de apoio, que será explorado pela Brigadeirando, a loja de Carolina Henke conhecida pelos seus brigadeiros artesanais, que além da estrela da casa, quer ter “sucos brasileiros naturais”, revela Rui. “Queremos fazer da livraria um ponto de encontro, sabe? Daqueles locais onde alguém entra e quer ficar”, explica. “A livraria é o lugar que proporciona o encontro do livro com o leitor. E o livro precisa seduzir, o leitor tem de achar que não pode viver sem ele.”

Rua da Escola Politécnica, 42. Seg-Sáb 10.00-22.00, Dom 11.00-20.00.

+ Roteiro de livrarias independentes em Lisboa

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