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Rita Chantre | Piena
Rita Chantre

Roteiro de livrarias independentes em Lisboa

Algumas são históricas, outras ainda cheiram a tinta fresca. Estas são as melhores livrarias independentes em Lisboa e estão à espera da sua visita.

Raquel Dias da Silva
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Não temos dúvidas sobre quais são as nossas livrarias independentes preferidas: as que não estão presas a uma cadeia, um franchising, um conglomerado ou qualquer tipo de substantivo colectivo usado para designar agremiações do género. Quando estiver a pensar em cultivar-se e em rechear as estantes lá de casa, lembre-se destes pequenos livreiros. Em várias zonas da cidade, encontra livrarias de bairro e muitos livros, para todos os gostos e faixas etárias. Algumas até servem café e vinho (assim não tem razão para não se refugiar lá dentro o tempo que lhe apetecer).

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As melhores livrarias independentes de Lisboa

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  • Areeiro/Alameda

Há mais de 600 milhões de anos, Gondwana era um supercontinente que reunia a maior parte das zonas de terra firme do hemisfério Sul. Agora, é uma livraria no Campo Pequeno. A ideia é de David Gough e Walter DeMirci, que partiram da imagem de uma geografia única para criar um espaço dedicado a autores oriundos desse lado do globo, onde a língua mais falada é o português e há vários laureados com o Prémio Nobel da Literatura. Mas atenção: não há secções nem uma organização evidente. Misturam-se autores vivos e mortos, géneros literários e temáticas. Além dos livros, há uma zona de cafetaria ao fundo, que inclui uma modesta esplanada num quintal. Servem café e vinhos.

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Foi em Barcelona que Lorena Travassos começou a amadurecer a ideia de um sonho antigo: o de abrir uma livraria feminista. A Greta, assim se chama, nasceu primeiro no online, em 2022, e desde então tem reunido, inclusive em debates literários, uma comunidade de mulheres trans e cis, feministas e activistas, interessadas em ler e promover a literatura no feminino. Já na livraria física, aberta em 2023, há duas modestas estantes de madeira, à esquerda e à direita, e uma mesa ao centro, com cerca de dois mil títulos (nem todos expostos), de vários géneros diferentes, tudo escolhido a dedo. A decorar o espaço, há fotografias, ilustrações e posters feitos por mulheres. A curadoria é toda feita por Lorena, que só vende livros escritos por mulheres, trans ou cis, de diferentes géneros literários, de não-ficção a ficção, poesia e até literatura infanto-juvenil. Além disso, o acervo também conta com artes gráficas, zines e revistas produzidas por mulheres.

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  • Chiado/Cais do Sodré

Fundada em Abril de 2006, por ex-trabalhadores da Livraria Ler Devagar, esta pequena livraria (que também é editora) na Calçada do Combro tem livros novos, esgotados e usados, bem como espécimes raros, difíceis de encontrar. Há aqui uma clara tendência para as ciências sociais e a política, e um gostinho especial por autores marginais e pequenas editoras independentes. Há ainda secções sobre África e Brasil.

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Quando abriu na Lx Factory, a Ler Devagar era a única em Lisboa da sua espécie. Espaçosa, com livros por todo o lado, dois andares, um café e vestígios da maquinaria da antiga gráfica. As singularidades mantêm-se e continua a ser a melhor livraria da cidade para se ter um bom tempo de leitura, ou dar dois dedos de conversa, vá. Nas prateleiras, estão cerca de 4000 títulos. Em 2023, abriu um novo espaço na Casa do Comum, na Rua da Rosa.

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  • Campo de Ourique

Com mais de 50 anos de actividade, esta livraria histórica em Campo de Ourique chegou a vender livros às escondidas durante os anos 70 e o escritor Fernando Assis Pacheco era cliente habitual. Escondiam-se os exemplares em vãos de estantes, paredes falsas ou até baldes de tinta, e só se vendiam a clientes de confiança. Agora, além de vender livros, também se destaca como centro cultural alternativo do bairro: sessões de poesia, um clube de leitura, lançamentos de livros, workshops e horas do conto.

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  • Grande Lisboa

Abrandar, pensar a relação entre texto e imagem, arriscar como quando somos pequeninos, viver o bairro em família. É este o desafio lançado por Carolina Correia, a responsável pela Lumaca, uma livraria de bairro, perto do Jardim do Beau-Séjour, onde a ilustração é rainha e o catálogo se faz unicamente de álbuns ilustrados e novelas gráficas para todas as idades. “Histórias que deixam rasto”, lê-se no toldo que anuncia que chegámos. O slogan é uma brincadeira com o próprio nome da livraria, que significa caracol em italiano. São apenas 23 metros quadrados, mas tem um pé direito de fazer inveja e que deu imenso jeito na hora de encomendar umas estantes à medida. Quanto à oferta, a maior parte dos livros são de pequenas editoras, como a Planeta Tangerina, a Orfeu Mini, a Pato Lógico e a Akiara. Mas também há títulos surpreendentes da premiada Phaidon. Há ainda uma zona de papelaria, onde encontramos, por exemplo, postais e cadernos que se plantam, e até pinheirinhos de Natal.

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  • Chiado/Cais do Sodré

Precisa de um guia do Uganda? Então este é o sítio certo. A Palavra de Viajante vende livros de viagens, guias, álbuns, mapas e tudo o que tenha a ver com a nobre arte de laurear a pevide. É perfeito para ir antes das férias, mas melhor ainda para visitar antes sequer de as marcar – se precisa de ideias de um destino novo, este é o sítio onde vai encontrar inspiração. Além disso, destaca-se ainda a zona de galeria, que acolhe exposições de fotografia e ilustração, bem como apresentações de livros e conversas à volta de viagens.

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Primeiro, Elisa Sartor e Sara Cappai, duas italianas residentes em Lisboa, abriram a Piena – libri persone visioni, uma pequena livraria independente em Arroios, só com livros em italiano. Três anos depois, mudaram-se para a zona do Campo dos Mártires da Pátria, para um espaço maior, com dois pisos, café, eventos que vão desde tandems linguísticos a leituras de poesia, e autores italianos traduzidos em português. Somos uma livraria italiana, mas não generalista. Temos muita atenção em relação aos temas que aqui trazemos, explica Sara, editora e revisora, nomeando assuntos da actualidade, como a causa palestiniana, as migrações ou o transfeminismo. No primeiro piso, está a secção infanto-juvenil, com mesas e um espaço acolhedor para crianças, onde se realizam sessões de leitura.

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  • Estrela/Lapa/Santos

A história da Poesia Incompleta remonta a 2008, quando Mário Guerra a inaugurou na zona do Príncipe Real. Ficou lá quatro anos, até trocar Portugal pelo Brasil, e só voltou a abrir portas em Lisboa em 2018, na actual morada, na Lapa. Entre mais de 20 línguas, como catalão, russo, árabe e japonês, há poesia para todos os gostos, desde edições de autor até primeiras edições, novidades e manuseados. E, se é visitante assíduo, já deve estar familiarizado com a posição do livreiro em relação a tudo o que o distraia da poesia, a dos livros e a de estar vivo.

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Neste tempo de constante difusão tecnológica, esta livraria ambiciona levar cultura nacional e internacional ao público português. Como? Através de livros, claro. São mais de 100 mil exemplares, entre edições esgotadas, obras técnicas e literatura infanto-juvenil. Quanto ao espaço, é na verdade um canivete suíço. Dividido entre um amplo e luminoso piso térreo, um modesto mezanino e um piso inferior, todos ligados por uma escadaria curvilínea, alberga também uma galeria de arte e antiquário, uma papelaria e uma cafetaria.

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  • Estrela/Lapa/Santos

É galeria, café e livraria, tudo ao mesmo tempo bem no coração da Madragoa. Sob o lema de que o desenho não tem fronteiras, é a esta arte que a Tinta nos Nervos se dedica. Na livraria douram as prateleiras autores como Philipe Guston, Lorenzo Mattotti, Robert Crumb, Charles Burns, Bruno Munari, Hector de la Valle, Maria João Worm, Dinis Connefrey, Filipe Abranches, André Ruivo ou Ema Gaspar. Na galeria as exposições vão rodando, sempre com a premissa de o artista ou artistas criarem um objecto em exclusivo para o espaço. Ao fundo há um café com esplanada interior, onde além de chávenas de cafézinho da Flor da Selva e pão da Gleba, há espaço para ler e para participar nos workshops e conversas que vão aparecendo na agenda.

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Há livros ao desbarato logo à entrada, edições do mais rebuscado que já se viu, volumes em segunda mão e pequenas editoras à espera de serem descobertas. Mas há de facto mais qualquer coisa além dos livros nas prateleiras. A agenda inclui eventos de diversos tipos, desde lançamentos até actividades para crianças e debates sobre temas diversos, passando por projecções de cinema, concertos e leituras de poesia.

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“Cada vez é mais fácil fazer um livro e cada vez mais difícil que ele circule.” É Jaime Mendes quem o diz, mas o português com sotaque carioca tem feito de tudo para contrariar o diagnóstico. Em 2020, fundou a distribuidora Saudade, dedicada a democratizar o acesso à produção em língua portuguesa. Agora, com a abertura de uma livraria nas Laranjeiras, reforça a convicção de que livros precisam de gente — e a gente, de livros. Com cerca de 50 metros quadrados, é – mais do que uma loja – um local de encontro e de partilha. A isso ajudam as duas poltronas, um tapete para crianças e uma área para receber até 30 cadeiras. Mas também a forma como se organiza o acervo por “assunto”. “Temos uma secção anti-racista, por exemplo. É difícil encontrar isso noutras livrarias.”

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Duarte Pereira e Rosa Azevedo dão a cara pela Snob, uma livraria independente originária de Guimarães, mas agora com o centro de operações em Lisboa. Tudo o que está nas prateleiras podia bem estar na biblioteca destes dois, desde títulos novos a livros em segunda mão, jornais fora de circulação, fanzines e outras edições raras. No site têm grande parte dos títulos à venda, separados por áreas de interesse, mas criaram também uma loja online no Facebook. É visitar, encomendar, esperar e, finalmente, ler.

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Desde 2011 que a STET faz as delícias dos amantes de arte e fotografia. Antes, funcionava no Bairro Alto, numa cozinha do século XVIII, mas a falta de espaço para vender livros fê-los mudar para Alvalade. Entretanto, mudou novamente, desta feita para perto do Mercado de Arroios, onde não só vende livros dedicados à arte e à fotografia, mas também fotografias, livros de artistas e edições de autor. Há preços para todos os gostos. As fanzines começam nos 5€, mais coisa, menos coisa, mas também há livros que por serem considerados relíquias podem chegar aos 800€. Enfim, uma livraria especializada a que vale a pena deitar olho.

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Entrar na Well Read, livraria na Calçada de Sant’Ana, é um ataque aos sentidos. Não sabemos se devemos olhar primeiro para os livros – admirar o seu minucioso posicionamento nas estantes – ou apreciar a decoração e perceber como cada espaço é ocupado com um propósito. Aqui encontramos uma selecção eclética de livros, escritos em português ou inglês, que vão desde o nicho, como Basta Now. Women, Trans & Non-binary in Experimental Music, ou a biografia da lenda do jazz espacial Sun RaA Strange Celestial Road, mas também fenómenos da cultura pop, como The Woman in Me, livro de memórias de Britney Spears. Mas não tem apenas música, também tem ficção contemporânea (com livros que poderiam ser encontrados em vídeos virais do TikTok), design, culinária, arquitectura ou zines dos mais variados temas.

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Foi no Verão de 2022, na conhecida Avenida Guerra Junqueiro, que a Livraria Martins se abriu à cidade. Dois anos depois, mudou-se para o primeiro piso do Time Out Market. Fundada pelo empresário Gonçalo Martins, responsável pelo Grupo Editorial Atlântico, promete uma selecção cuidada e eclética, com cerca de 300 chancelas que vão desde os grandes grupos editoriais até aos independentes. Há ainda uma secção dedicada os mais novos.

Para leitores ávidos

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Considera-se uma pessoa de lágrima fácil? Espere. Sabe que mais? Nem sequer interessa. Arriscamos dizer que sabemos como comover até o mais empedernido dos corações. Desafiamo-lo, aqui e agora, a fazer uma sessão de leitura terapêutica com um destes livros para chorar baba e ranho.

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