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Maniac é uma das apostas da Netflix para os próximos meses. Estreia-se esta sexta-feira e tem tudo para ser um sucesso, pelo menos a julgar pela ficha técnica.
A oscarizada Emma Stone é a protagonista desta minissérie de dez episódios, ao lado de Jonah Hill, que também já foi nomeado para um Óscar. O elenco inclui ainda Sally Field (mais um Óscar), Justin Theroux, que esteve magnífico em The Leftovers, Jemima Kirke, de Girls, e mais outros valores seguros. Além disso, o realizador é Cary Fukunaga, que filmou a primeira temporada de True Detective, e Patrick Somerville, outro veterano de The Leftovers e não só, é o argumentista.
O ponto de partida do entrecho é um ensaio clínico que promete curar todos os problemas (mentais e emocionais) dos pacientes, supostamente sem riscos nem efeitos secundários. Mas as coisas não são tão simples como parecem, e os personagens dão por si a ser transportados para outros mundos e situações. Ainda que tudo esteja a acontecer apenas na cabeça deles.
E o que começa por ser uma meditação sobre as formas como lidamos ou evitamos lidar com as doenças psicológicas, num contexto próximo da ficção científica, não tarda em tornar-se numa análise dos limites dos géneros e formatos narrativos audiovisuais. Sempre com o coração no sítio certo.
Maniac adapta uma série norueguesa do mesmo nome, criada por Hakon Bast Mossige e Espen PA Lervaag, que é também o protagonista. As semelhanças entre as duas parecem, porém, resumir-se ao facto de um homem com problemas mentais viver aventuras fantasiosas noutros mundos – Jonah Hill, na série, interpreta um ricaço que foi diagnosticado como esquizofrénico; Espen Lervaag encontrava-se dissociado da realidade, num manicómio.
Na versão norueguesa, esta premissa servia para parodiar e dizer algo sobre as convenções de género televisivas e cinematográficas: um episódio remetia para os filmes de guerra, outro para os westerns, um terceiro para a fantasia medieval e por aí adiante. Estas fantasias eram contrapostas à realidade do hospital.
No caso americano, no entanto, o enfoque parece estar na relação entre os personagens de Jonah Hill e Emma Stone, que mais uma vez são transportados para mundos fantasiosos onde levam vidas diferentes e se envolvem em aventuras (ou não). A diferença é que estão sempre juntos, ou pelo menos encontram-se, nessas viagens fantásticas, algo que não era suposto acontecer.
Diz quem já viu que a realização de Cary Fukunaga é o melhor da série, conferindo o peso dramático ou a agilidade emocional necessária a cada cena. Nada que espante quem viu a primeira temporada de True Detective, que não seria metade da grande série que é se não fosse por ele.