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Maria Reis
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Maria Reis: “Quando não faço música não me sinto completa”

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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A cantora e compositora Maria Reis vai finalmente apresentar o álbum Chove na Sala, Água nos Olhos, de 2019, esta quarta-feira na Culturgest.

Ora empunhando os instrumentos, ora empunhando uma cerveja – nas pausas entre as canções – Maria Reis, o baixista Simão Simões e o baterista João Portalegre reinventam Chove na Sala, Água nos Olhos, o álbum a solo da vocalista de Pega Monstro, no estúdio da Cafetra na Interpress. No final de cada tema, opinam, dão sugestões, partilham ideias. Bebem mais uns goles de cerveja e voltam a tocar. Estão a preparar-se para o concerto de quarta-feira na Culturgest, onde finalmente será apresentado o disco do ano passado.

Para Maria Reis, “é muito mais divertido tocar com pessoas do que sozinha”. Foi assim que começou e aprendeu a fazer música, primeiro ao lado irmã Júlia nas Pega Monstro, e mais tarde com outros músicos. Mas o mais recente disco é só dela. Ou pelo menos era. 

Na Culturgest, não vai estar sozinha. Vai tocar com Simão Simões (baixo) e João Portalegre (bateria), a sua actual banda. E com o irmão António Quintino (contrabaixo), mais Ana Elisa Ramos, Gergana Ribeiro (violinos), Sofia Gomes (viola de arco), Luís Azevedo (violoncelo) e Diogo Duque (flauta e fliscorne). “A ideia é criar uma narrativa que flua entre os dois universos”, diz, referindo-se ao power trio do rock e à formação clássica liderada pelo irmão. “Às vezes só vou estar eu e as cordas, outras canções toco com a minha banda, e outras têm tudo ao mesmo tempo.”

É um espectáculo que provavelmente não se vai repetir. Na sexta-feira, Maria sobe até ao Porto, e será acompanhada apenas por um trio de cordas e pelos guitarristas das noites de fado do Grupo Dramático Monte Aventino, onde vai tocar. No sábado, apresenta-se a solo na Sala Apolo, em Barcelona. E passados uns dias, regressa ao norte do país para mais uma série de concertos, acompanhada por Simão Simões e João Portalegre. 

Dependendo da formação que as tocar, as canções podem evoluir para várias direcções. “Estou sempre a tocá-las de maneiras diferentes”, admite a cantora e compositora. “Elas já existem fora de mim, e consigo vê-las de muitas formas. Não me canso delas.” Isso é porque ainda não começou a tocá-las ao vivo, sugere-se. “É porque pensei tanto nelas quando as fiz, que espremi tudo o que podiam ser de melhor”, contrapõe, confiante.

Tem razões para estar confiante. Chove na Sala, Água nos Olhos foi um dos melhores discos portugueses do ano passado. Foi escrito e gravado com calma, ao longo de quase um ano, em diferentes lugares e com vários produtores. Soa cru e verdadeiro porque é um reflexo daquilo que viveu. “Reflecte o contexto e o momento em que foi escrito”, reconhece. Uma fase má em que as canções foram uma constante, algo a que se agarrar.

E mesmo assim, teve alturas em que quase não conseguia agarrá-las. Estava deprimida. “Quando não estou a fazer música não me sinto completa”, assume. “Mas quando estás completamente off, como eu estava, não consegues fazer nada. Aquela ideia de que quando estás triste é quando consegues compor melhor é falsa. Quanto estás mesmo mal, não consegues fazer nada. Não consegues sequer ir à casa-de-banho às vezes.” 

A única maneira de resolver o problema, foi através da psicoterapia. “Uma coisa que se chama EMDR, que tem a ver com estímulos de som e visão e desbloqueia emoções. É mesmo intenso. Mas é uma terapia que tem alta. Não é como psicanálise, em que ficas para sempre a falar dos teus pais”, brinca. “Foi um desbloqueador da minha própria cabeça. Ajudou-me a funcionar”.

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