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MC Carol traz o seu funk putaria à ZDB

Escrito por
Clara Silva
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Não há baile sem MC Carol, e a brasileira vem mostrar o seu funk vindo da favela de Niterói à ZDB, no domingo. Contamos-lhe mais sobre a cantora que virou ídolo feminista.

“Eu realizei todos os sonhos da minha bisavó através do funk putaria ou apologia, como muitos falam. Eu sou a única mulher da minha família que tirou habilitação, que dirige. Estou falando de mais de quatro gerações, sou a única mulher da minha família que não precisou de homem para ter casa... Sou a ÚNICA pessoa da minha família que pisou fora do Brasil. Vocês têm noção do que é ligar pra minha ‘vó e dizer que estou indo para os Estados Unidos dar uma palestra?”

Nas suas redes sociais, Carolina de Oliveira Lourenço, mais conhecida por MC Carol, a funkeira de 25 anos sensação do Brasil, orgulha-se de ter sido escolhida para dar uma palestra numa universidade dos Estados Unidos no mês passado sobre os desafios da democracia no Brasil, e responde a quem a critica mesmo ao jeito das suas letras: “Gente vão tomar no cu, vão? Vão dormir ou caçar o que fazer. Vão estudar pra ser eu, um dia!” A cantora que cresceu na favela do Morro do Preventório, em Niterói, e que agora se estreia em Lisboa com uma noite funk na Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto, tornou-se um símbolo improvável do feminismo brasileiro.

Desistiu da escola, lavou carros, tomou conta de crianças, trabalhou numa pizzaria, mas foi a música que a salvou de uma vida confinada ao morro. Numa entrevista ao jornal O Globo, conta que o seu primeiro funk em público surgiu para responder às provocações de um bêbado na paragem de mototáxi: “Te meto atrás das grades, eu destruo sua vida/ Se largar de barriga, se largar de barriga”, cantou.

A partir daí começou a ser solicitada para actuar em bailes funk e as suas letras sem pudor, bem ao estilo “funk putaria” do Rio de Janeiro, como a de “Bateu Uma Onda Forte” ou “Liga Pra Samu”, foram-se tornando virais depois de aparecerem na internet. Em 2016, quando lançou o primeiro álbum, e ao lado de Karol Conká, criava “100% Feminista”, uma espécie de hino de empoderamento das mulheres brasileiras, apesar de até há algum tempo não saber sequer o significado da palavra. Segundo a mesma entrevista, foi a sua agente que lhe explicou o que era o feminismo. “Caraca, eu sou isso!”

Impulsionada pela amiga Marielle Franco, a quem dedicou uma música em parceria com Heavy Baile – “Gritando contra o poder machista branco/ Presente hoje e sempre, Marielle Franco” –, MC Carol acabou também por entrar no mundo da política e candidatou-se a deputada estadual nas eleições do ano passado.

Acabou por não conseguir votos suficientes, mas a luta e a festa continuam, desta vez no domingo na ZDB e no dia antes em Serralves, no Porto, no festival Serralves em Festa.

Domingo, 19.00-02.00, na Galeria Zé dos Bois. Rua da Barroca, 59 (Bairro Alto). 12€

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