A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Jesus Lee Fernandes
© Manuel MansoJesus Lee Fernandes

Morreu Jesus Lee Fernandes, o homem que jurava que Jesus é Goês

Tinha mão para o picante e conquistou a cidade pelo estômago. O restaurante Jesus é Goês, que abriu há dez anos, está de luto. O cozinheiro tinha 44 anos.

Teresa David
Escrito por
Teresa David
Publicidade

Morreu Jesus Lee Fernandes, fundador e rosto do restaurante Jesus é Goês, junto à Avenida da Liberdade. Tinha 44 anos. A notícia chegou esta quinta-feira, através das redes sociais – plataforma utilizada por amigos e colegas de profissão para lamentar a morte do cozinheiro. As causas da morte são, ainda, desconhecidas.

“Ele trouxe uma perspectiva mais actualizada da cozinha indo-portuguesa para a cena culinária da cidade, além de ser um amigo, uma pessoa muito afável que fazia pontes com muita gente, que juntava pessoas à volta dele”, diz à Time Out o chef André Magalhães, da Taberna da Rua das Flores e do Antiga Camponesa.

Jesus Lee – nome memorável dado pelo pai, um admirador do actor Bruce Lee, e pela mãe religiosa – vai ficar na história da gastronomia goesa em Lisboa. Depois de vários anos na cozinha do Tentações de Goa, na Mouraria, o cozinheiro (com mão para o picante) voltou à sua terra natal para aprender mais sobre a comida goesa com a mãe.

"Queridos amigos. É com pesar que informamos que o nosso grande amigo Jesus partiu ontem à noite. O mundo ficou mais pobre. Perdemos um talento imenso e um coração gigante", lê-se no comunicado publicado, esta quinta-feira à tarde, na conta de Instagram do restaurante Jesus é Goês.

No regresso, em Fevereiro de 2013, abriu o pequeno Jesus é Goês, hoje uma referência na cidade. Nesta cozinha, Jesus Lee Fernandes criou uma ementa de clássicos e fez algumas reinvenções, com destaque para as chamuças, o xec xec de caranguejo, o sarapatel e o xacuti de cabrito. "Por um lado tinha uma cozinha goesa tradicional, mas também era alguém que gostava de recriar sobre isso. Era um goês criativo, digamos assim, mas que sabia as bases da cozinha goesa", afirma o jornalista gastronómico Ricardo Dias Felner. 

"Ele foi a primeira pessoa a guiar-me pelo Centro Comercial da Mouraria e pelas mercearias indianas. Desde então fiquei cliente daquelas lojas todas. Ele foi a primeira pessoa a abrir-me a curiosidade por aquele comércio do Martim Moniz", acrescenta o antigo director da Time Out. 

Segundo o comunicado partilhado esta quinta-feira no Instagram, o "restaurante encontra-se encerrado até informação em contrário".

Texto actualizado às 18.16 de quinta-feira, dia 6 de Abril.

O reinado do pudim abade de priscos de Miguel Oliveira não pára de crescer

Com Vittorio Colleoni nos comandos, a Tasca da Memória vira-se para a alta cozinha

Últimas notícias

    Publicidade