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Nuno Júdice
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Morreu o poeta Nuno Júdice

Professor, ensaísta e poeta tinha 74 anos. Deixa vasta obra publicada. Em Lisboa, esteve envolvido na criação da Casa Fernando Pessoa.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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Nuno Júdice morreu este domingo, aos 74 anos. O poeta, romancista, ensaísta e dramaturgo ocasional deixa uma obra literária com mais de sete dezenas de títulos, parte dos quais traduzidos em várias línguas. Começou a publicar em 1972, com A Noção de Poema, e o primeiro de muitos prémios veio logo em 1975. Uma Colheita de Silêncios, o seu derradeiro livro de poemas, é do ano passado. É um dos mais reconhecidos poetas nacionais do nosso tempo.

Isso mesmo salienta Marcelo Rebelo de Sousa, na nota da Presidência que deu a notícia da sua morte: “Nuno Júdice foi um autor decisivo numa época de transição da poesia portuguesa, entre as tendências experimentais da década de 1960 e o tom mais quotidiano dos anos 80 e seguintes. E mesmo no contexto da geração de 70, a que pertencia, não se parecia com nenhum outro, com os seus versos por vezes longos, discursivos, meditativos, o tom tardo-romântico, as interrogações sobre a noção de poema, mais tarde o pendor evocativo, melancólico ou irónico.”

Doutorado em literatura medieval, Nuno Júdice foi também professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, mas há quase uma década que não dava aulas. Dirigiu a revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian, e antes disso a revista literária Tabacaria, editada pela Casa Fernando Pessoa (CFP). A criação desta casa-museu foi, aliás, ideia em que esteve directamente envolvido, e que encontrou no então vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, João Soares, um entusiasta. A mulher, Manuela Júdice, foi a primeira directora da CFP.

“A sua obra poética e o trabalho de décadas em diferentes instituições foram um contributo maior para a singularidade, o cosmopolitismo e a projecção da literatura portuguesa”, lê-se ainda na mesma nota da Presidência da República. Nuno Júdice esteve, por exemplo, na Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura e dirigiu o Instituto Camões em Paris, onde foi também conselheiro cultural da Embaixada de Portugal. Como se tudo isto não bastasse, ainda encontrou tempo para outras funções na literatura: traduzir, organizar, compilar. 

Júdice nasceu a 29 de Abril de 1949 em Mexilhoeira Grande, Portimão. Morreu em Lisboa, devido a um cancro.

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