A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Ascensor da Bica
Fotografia: Mariana Valle LimaMuseu da Carris

Museu da Carris: aos 150 anos de carreira, um museu renovado

A Carris assinala 150 anos de operação em Lisboa e o museu que conta a sua história tem um novo percurso museológico. Subimos a bordo.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Publicidade

O Museu da Carris foi inaugurado em 1999 com a missão de preservar o valioso acervo e também divulgar o importante papel que a Carris teve ao longo da história da cidade, desde 1872. A primeira remodelação aconteceu em 2012, mas dez anos depois este museu continua em movimento. Após alguns meses fechado, reabriu a 19 de Abril com algumas novidades e há mais mudanças a caminho: o trabalho de reforço de conteúdos irá continuar até ao final do ano.

As novidades começam à entrada: agora, a loja está no mesmo espaço que a bilheteira, com novo merchandising disponível e um elemento que começa logo por denunciar uma das curiosidades da Carris. Um espelho onde se lê: “Mais um minuto e veja como se apresenta ao serviço. Atenção, a barba está feita e o fato bem limpo? Note bem. Um aspecto de limpeza agrada a todos.” Se os motoristas e guarda-freios, ao olhar para este espelho, não sentissem que estavam a cumprir os requisitos de apresentação ao público, a solução estava bem perto. É que a Carris tinha barbeiros ao serviço e é este o destaque de uma das novas salas temáticas do museu. Havia uma barbearia em cada estação e o último barbeiro saiu da Carris em 2008. No museu pode apreciar bem de perto um conjunto de cadeiras restauradas, datadas de 1934, as mais antigas do espólio (porque há mais). Também havia uma série de postos médicos (hoje existe apenas um) e a sala dedicada à saúde no museu também ganhou novas peças, como um antigo quadro oftalmológico, também restaurado.

Barbearia da Carris
Fotografia: Mariana Valle LimaMuseu da Carris

Nesta nova reabertura há uma coisa que não vai encontrar: o espólio do Metropolitano de Lisboa foi retirado da exposição permanente da Carris, tendo regressado a casa, o que acabou por dar mais espaço às reservas do museu. Um exemplo muito directo está na secção de fardamentos: como saíram duas fardas do metro, entraram mais duas da Carris. Outro destaque, e uma peça única, é o Livro de Bilhetes de Assinatura, uma mala de couro com fotografias dos titulares da assinatura mensal, que andava sempre junto ao guarda-freio. Explica a Carris que dos 2625 retratados, apenas 40 são mulheres.

Livro de Bilhetes de Assinatura da Carris
Fotografia: Mariana Valle Lima

O novo elemento, e o ex-líbris do novo percurso, é um grande letreiro do Ascensor da Bica (na imagem de destaque) que estava destruído em armazém. Foi restaurado com as letras e moldura originais, tendo apenas sido ajustado à parede onde agora está instalado, e é um excelente momento para sacar aquela foto para o Instagram. Ao longo do percurso vai perceber que há uma grande aposta nas imagens de arquivo e mesmo ao lado do letreiro encontra uma fotografia de 1927 onde é visível o antigo abrigo da parte inferior da estação deste ascensor, cortesia do Arquivo Municipal de Lisboa.

Antes da pequena viagem de eléctrico que liga este Núcleo I ao Núcleo II, onde estão em exposição diversos transportes históricos da Carris (e todos funcionam), foi criada uma pequena sala de espera, com três bancos de autocarro junto a um postalete, o nome dos postes que seguram as placas informativas. Esta informa: "Aguarde pelo guarda-freio". E seguimos viagem em direcção ao “car barn”, onde estão os veículos, a bordo de um eléctrico de 1901, um antigo “palhinhas” remodelado nos anos 60 do século passado para passear turistas. É verdade, muitos veículos, entre eléctricos e autocarros, tinham alcunhas. Como o “americano”, puxado a cavalos (e a única réplica do museu); o salão”, um eléctrico espaçoso com capacidade para 40 passageiros; ou o “bigodes”, que tinha uns tubos para atrelados na parte dianteira e foi um dos primeiros eléctricos a ser construídos na oficina da Carris, que arrancou em 1928.

Por um tempo

É no Núcleo II que passam a residir as exposições temporárias, como a “Da pintura à mão à impressão digital”, inaugurada a 18 de Maio e patente até 3 de Setembro. É sobre a importância (e técnica) da publicidade que andava a bordo dos veículos da Carris, numa altura em que a televisão ainda não tinha chegado a Portugal. Por isso mesmo, a partir dos anos 50 esta era uma das melhores apostas para as marcas comunicarem com as massas e até aos anos 90 era tudo pintado à mão. Há ainda espaço para peças tridimensionais, cedidas por antigos anunciantes como a Pasta Couto e a TAP, e réplicas de publicidade dentro de um dos eléctricos, para que os visitantes viagem no tempo cerca de 70 anos. Para enriquecer a experiência, foi montada uma simulação de criação de uma faixa publicitária à Guloso, como se estivéssemos numa antiga oficina da Carris, com cavalete, tintas, escadote e tudo.

Da pintura à mão à impressão digital
Fotografia: Mariana Valle Lima

Todos os anos, por altura do aniversário da Carris, que se assinala a 18 de Setembro, todos os veículos do museu saem à rua para um desfile, uma oportunidade única para ver a história em movimento. Até lá, uma visita ao Museu da Carris é sempre divertida e enriquecedora e pode sempre primeiro fazer uma visita virtual, e gratuita, ao museu, onde já estão disponíveis todas as novidades.

Museu da Carris. Rua 1º de Maio, 101 – 103 (Alcântara). Seg-Sáb 10.00-13.00, 14.00-18.00. Bilhete normal: 4€

+ Lisboa baixa limites de velocidade e tira carros da Avenida da Liberdade aos domingos

+ Modere a velocidade: a 1 de Junho começam a funcionar 21 radares

Últimas notícias

    Publicidade