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No princípio, foi um arraial. A Primavera de 2018 estava a chegar ao fim quando a produtora Transiberia convidou uma dúzia de intérpretes, bandas e DJs nacionais para darem música ao Pátio dos Lagares, na Mouraria. A experiência correu tão bem que, a 15 e 16 de Fevereiro de 2019, subiram a parada e reuniram 15 artistas no Lisboa Ao Vivo para o primeiro Festival Emergente. Desde então, todos os anos organizam mais uma edição, em várias salas e com diferentes formatos. A quinta realiza-se entre quarta e sexta-feira, no Musicbox.
Tal como aconteceu em anos anteriores, muitos dos nomes que se lêem no cartaz foram escolhidos na sequência de uma open call. São eles Evaya, Marianne, redoma, Royal Bermuda, Ricardo Crávidá, Human Natures, Malva, Marquise e X it. A estes nove projectos juntam-se outros seis repescados de edições anteriores – falso nove, Humana Taranja, Javisol, Lana Gasparøtti, META_ e O Marta. Feitas as contas, vai ser possível assistir a um total de 15 concertos, cinco por noite, como o número de edições do Festival Emergente.
No primeiro dia, há música para todos os gostos no Musicbox, seja a singular e cativante pop eletrónica de Evaya, que deve lançar o álbum de estreia no próximo ano; o hip-hop bilingue de Marianne; as canções instrumentais dos guitarristas André Parafina e Diogo Esparteiro, vulgo Royal Bermuda, entre os blues e a tradição portuguesa; ou o rock alternativo dos Javisol e dos barreirenses Humana Taranja, que editaram o álbum de estreia, Zafira, pela Hey, Pachuco! há praticamente um ano. Os três primeiros estreiam-se agora no Emergente, mas os dois últimos grupos já tinham dado cartas no festival.
Na quinta-feira, 28, é difícil não destacar o concerto de Malva, vulgo Carolina Viana, também metade de redoma. O álbum vens ou ficas, deste ano, é meia-hora de melancolia folk com vapores de mpb. A descobrir. Mas vão ouvir-se também as canções indie dos falso nove, que se lançaram em 2023 com o álbum Horta da Luz; a electro-pop do trio X it, a trabalhar agora no primeiro disco; a electrónica infectada pelo jazz de Lana Gasparøtti; e a música muito de agora de Ricardo Crávidá, mais um filho da Graça a promover um diálogo carregado de auto-tune entre o fado, a kizomba e outros ritmos africanos – as probabilidades de se ter cruzado com Pedro Mafama no bairro são mais que muitas.
Carolina Viana regressa no último dia do Festival Emergente, desta vez com o duo redoma. O programa das festas inclui ainda o rock matemático dos Marquise, cujo EP homónimo foi lançado há uns meses; a pop onírica dos coimbrões Human Natures; a abordagem electrónica e poliglota às músicas tradicionais portuguesas da cantora e compositora transmontana META_, que editou há meio ano XIV – A Integração; e o folclore 2.0 de O Marta, no mesmo comprimento de onda. Diz que tem um disco novo a sair para o ano.
Musicbox. Qua 27-Sex 29. 20.00. 12€-27,50€
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