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Na mesa ou ao balcão, os vizinhos de Alfredo conquistam-se pelo estômago

Abriu em Março, a poucos metros do Mercado de Arroios. Na cozinha, dois chefes franceses viajam pelo Sul da Europa e tiram partido dos ingredientes da época.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Alfredo
Allegra Guinan
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Madeira, madeira e mais madeira. Escura, robusta e com algumas marcas do tempo, a madeira é o primeiro cartão de visita do Alfredo, restaurante que abriu em Março, em Arroios, mesmo em frente ao A Viagem das Horas, bar de vinhos e gastrobar que já se tornou num clássico lisboeta. Será que o novo vizinho vai pelo mesmo caminho? Pelo menos pinta não lhe falta.

Somos recebidos à porta por Marin Colomès, um dos três sócios. É ele quem está ao leme da pequena cozinha, juntamente com Marc le Rohellec – o primeiro a tempo inteiro, o segundo dividido entre Arroios e o restaurante que abriu em 2021 no Cais do Sodré. Conheceram-se no Boavista Social Club e partiram, este ano, à conquista de um novo bairro. "Conheci o Marc mesmo antes de ele abrir o restaurante. Já estava cá há algum tempo, então ajudei-o a encontrar fornecedores e assim. Depois comecei a trabalhar com ele, até que começámos a falar em abrir algo juntos", explica Marin, imediatamente antes de introduzir o terceiro sócio, Gaetan Gimer.

Alfredo
Allegra Guinan

"Quisemos sair um bocado do Cais e gostamos realmente deste bairro, é bastante diferente. Acho que temos uma boa comunidade local que vem ao restaurante, em comparação com a multidão de turistas na Rua da Boavista. E aqui, tentámos fazer algo que funcionasse para toda a gente – temos o croquete, estamos a servir uma bifana agora, temos um arroz para partilhar e que as pessoas gostam imenso. São pratos mais pensados para uma clientela portuguesa", continua o chef.

Antes de chegarmos à cozinha, a sala. Quando aqui chegaram, os três sócios encontraram apenas um chão em terrazza e cadeiras de madeira já vividas. Mantiveram ambos e reforçaram o compromisso com esta segunda matéria-prima. Os tampos das mesas, o banco corrido, mas sobretudo o balcão são obra de um estúdio que dá pelo nome de Mama Woodelier. Aquecem o espaço e abrem caminho para o que vem a seguir.

Alfredo
Allegra GuinanO Arroz do Alfredo

Numa cozinha onde muitos dos produtos vêm do mercado ao fundo da rua, a margem para adaptar os pratos aos ingredientes da época não só existe como se impõe. Fruta e legumes chegam directamente da banca de Luísa Máximo, enquanto a carne é comprada no Talho do Povo. Do Alentejo, em particular d'A Cerquinha, vêm os produtos biológicos.

Em quatro meses, o Alfredo já tem uma tríade de clássicos que não pode saltar do menu. O croquete (3€) é um deles, a desfazer-se na boca, feito com chouriço de sangue e farinheira. O Arroz do Alfredo (30€-60€), o mais nutritivo dos pratos, é enriquecido com bochecha de porco e chouriço e pode ser servido em doses para duas, três ou quatro pessoas. Por fim, a tarte de limão (7€), sobremesa sem rival que a clientela já não quer que vá a lado nenhum. "Jogamos sobretudo com as entradas e com os pratos principais, que mudam em função a altura do ano", reforça o chef. "Mas como temos imensos clientes regulares, acho que é bom ter os pratos da casa, que se mantêm os mesmos", continua.

Embora haja três cocktails clássicos à disposição (10€) e mais umas tantas opções de vermute (5€-7€), é o vinho que melhor acompanha. A lista é composta e mistura vinhos convencionais e naturais, portugueses, franceses, espanhóis e italianos, numa selecção feita pela compatriota Adélaïde Biret, d'O Pif.

Alfredo
Allegra GuinanCaponata

Mas voltemos aos sólidos. A carta, apesar de curta, inclui outras iguarias. A começar pelas entradas frias. A que mais se destaca é a caponata (9€), especialidade siciliana que aqui é servida fria, apesar da base de vegetais refogados. Tem beringela, tomate, cebola, alho e curgete, mas também passas, amêndoas laminadas, alecrim e parmesão a finalizar. Na mesma secção vai encontrar uma salada de tomate com alho frito e manjericão (8€) e pedaços de corvina, servidos com tomate, feijão-verde, ovo cozido e anchova (13€).

Das experiências com sandes sobrou a tradicional bifana (4€). Nos pratos principais e à sombra do arroz da casa, encontramos ainda o robalo confitado (16€) e o roulade de frango (17€). Mas, à excepção dos pratos em que não se mexe, há mudanças semanais na carta. Um dinamismo que se estende à vontade de abrir a cozinha a outros chefs e culinárias. É sempre um domingo por mês, ao almoço e a reserva é mais do que recomendada. Ainda em Julho, vai haver um pop-up dedicado a sabores africanos. Em Agosto, duas chefs de Paris vão cozinhar aqui. Para Setembro, há planos de dedicar um almoço domingueiro a especialidades coreanas.

Rua Carvalho Araújo, 24 (Arroios). Ter-Sáb 18.00-00.00

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