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A Sala Malandra abriu portas há uma semana e é uma loja e incubadora criativa com trabalhos de artistas que fazem questão de ter a bandeira LGBT+ pendurada.
Portugal, Brasil, Chile, Itália… Há vários sotaques na Sala Malandra, que se torna pequena para tanta criatividade. Sete artistas de várias nacionalidades juntaram-se para criar este projecto, uma loja que reúne uma colecção dos seus trabalhos, de postais a esculturas, ilustrações, cerâmica, serigrafias, fotografia e trabalhos em bordado.
Tudo fora do comum e com um toque “artivista”, como lhe chamam. Aliás, foi o activismo que uniu os mentores do projecto, que se conhecem de lutas antigas. “Somos artistas ligados ao activimo, temos feito a parte gráfica de muitos cartazes para várias mobilizações”, conta a ilustradora e tatuadora chilena Valentina, a viver em Lisboa há cinco anos. “Do Festival Feminista ao Festival da Habitação, [passando pelo] 1º de Maio, a luta contra a precariedade, as manifestações pela Amazónia, contra o Bolsonaro e activismo ligado a temáticas feministas, LGBT, anti-racistas e anticapitalistas”, acrescenta.
Enquanto artistas ligados ao mundo do activismo dizem estar numa situação “precária”. “Este espaço foi-nos disponibilizado pela associação [sem fins lucrativos] Rés do Chão e deu-nos a possibilidade de ser também um ponto de resistência num sector muito gentrificado”, continua Valentina. “É um espaço comercial que nos permite continuar o nosso trabalho de voluntariado.”
A pequena loja na Rua dos Poiais de São Bento foi decorada com materiais que reaproveitaram da rua e agora está coberta de trabalhos dos artistas da casa. Num futuro próximo também vão convidar outros artistas para terem aqui as suas peças, desde que façam sentido no contexto do espaço.
Para já, os trabalhos da Sala Malandra (um nome escolhido democraticamente entre centenas) estão todos para venda, alguns a preços bem simbólicos como os postais feministas, a 2 euros.
No início o espaço esteve para ser apenas um ateliê de amigos. “Encontrámos esse lugar onde não cabia um ateliê [é demasiado pequeno], mas onde cabia uma lojinha e um espaço para a gente expor”, conta a artista brasileira Luciana. “Passou de uma área de produção colectiva para uma área de exposição colectiva. Como somos imigrantes e nos estamos a estabelecer, faz mais sentido juntarmo-nos para conseguir ter uma portinha num lugar como esse. A ideia é cada um expor o que faz e também fazer colaborações, cada dia temos ideias novas.”
Workshops de bordado, cianotipia, colagem, postais com fotografias de sorrisos do mundo já com selo para enviar ou construção de máquinas fotográficas a partir de latas de sardinha. São muitas as actividades já planeadas para os próximos tempos nesta “loja interactiva”, que quer envolver todo o bairro e arredores.
Para já, e na quadra que se avizinha, é um óptimo sítio para comprar presentes de Natal com significado.
Rua dos Poiais de São Bento, 52 (São Bento). Seg-Sáb 10.00-18.00.