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Narrativa
Ricardo LopesA galeria de exposições no piso inferior.

Nasceu um novo espaço para mostrar “o futuro da fotografia portuguesa”

O projecto Narrativa, do fotógrafo Mário Cruz, ganhou uma sede, com masterclasses, oficinas e uma biblioteca. Quer ser um “ponto de encontro” da fotografia em Lisboa.

Joana Moreira
Escrito por
Joana Moreira
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Quando Mário Cruz, fotojornalista português vencedor de dois prémios World Press Photo, criou a Masterclass Narrativa, o plano era simples: “juntar um grupo de pessoas que tivesse o objectivo de criar projectos fotográficos autorais ou documentais”.

A mecânica repetiu-se por três edições: seis pessoas juntaram-se durante três ou quatro meses sob a orientação do fotojornalista para realizar narrativas fotográficas. A última turma incluiu um fotógrafo, mas também uma designer, um físico ou uma arquitecta – todos provaram que tinham histórias para contar. 

Em Abril deste ano, Mário Cruz decidiu que era tempo de dar novas páginas à Narrativa. Numa antiga loja de móveis a dois passos da Avenida de Roma, criou não só a sede do projecto, mas um lugar que pretende ser um verdadeiro ponto de encontro da fotografia em Lisboa. “É um espaço em que queremos dizer: aqui está o futuro da fotografia portuguesa”, conta à Time Out, poucos dias após a inauguração. 

Narrativa
Ricardo LopesÉ no piso térreo que fica a biblioteca, de acesso livre.

A primeira exposição, que pode ser descoberta no piso inferior até Junho, conta com os seis projectos da última edição da masterclass, da autoria de André Dias Nobre, Filipa Leite Rosa, Alex Paganelli, Mauro Silva, João Pedro Cardoso e Maria Beatriz de Vilhena. São trabalhos sobre temas tão distintos como a rotina nos tempos de pandemia, a ruralidade que persiste nos limites de Lisboa ou a diversidade nas celebrações religiosas. 

Os talentos emergentes da fotografia portuguesa cabem ali, mas também haverá tempo para exposições de fotógrafos consagrados. “Temos de ter aqui um equilíbrio entre a presença de fotógrafos já formados e que têm algum nome, sejam nacionais ou não, mas é sobretudo um espaço para os novos nomes portugueses”, assume Mário, que não esconde que encontrou “bastante resistência” em galerias de arte “mais ligadas à fotografia” em mostrar fotografia documental. “Muitas vezes têm uma visão muito fechada, muito restrita do que se mostra”, admite.

Um espaço para “falar, pensar e partilhar” 

As paredes envidraçadas deixam quem por ali passa observar todo o piso térreo da Narrativa, onde há estantes recheadas de livros de fotografia e algumas mesas de trabalho para se estar sem pressas. “Queria criar um lugar onde as pessoas pudessem falar, pensar e partilhar sobre fotografia. É um local que pretende incentivar a literacia visual”, diz o fotógrafo, que reuniu uma biblioteca especializada já com mais de 100 obras. “Já ontem vieram cá dar mais quatro livros, donativos, portanto a biblioteca vai crescendo”, conta, satisfeito.

Além do acesso livre às obras, o espaço vai receber conferências, palestras, apresentações de livros com autores e todo o género de eventos ligados à fotografia. Na calha estão já algumas oficinas para crianças e jovens (algo mais experimental, para ver a fotografia como uma forma de expressão”) e formações pontuais para adultos, ligadas ao design de livro de fotografia ou à escrita fotográfica.

Narrativa
Ricardo LopesMário Cruz, fotógrafo e fundador da Narrativa.

“O fotojornalismo é só uma parte da Narrativa. Até porque o fotojornalismo é muitas vezes conotado de uma maneira errada. É logo remetido para o jornal, para o que se vê na imprensa. E não é só isso. A agência Magnum, que toda a gente admira, tem imensos fotógrafos ligados ao fotojornalismo e fazem fotografia documental, fotografia autoral, e é isso que a Narrativa também vai mostrar. Podes encontrar trabalhos ligados ao fotojornalismo, à fotografia autoral, documental, paisagística, desportiva, o que for. Estamos à procura de novas visões e novas formas de comunicar através da fotografia”, remata. 

Por enquanto, o espaço Narrativa tem prazo de validade: um ano. Até lá, Mário espera rentabilizar o projecto, que actualmente tem o apoio da Fujifilm Portugal.

R. Dr. Gama Barros, 60 (Roma). Ter-Sáb. 10.00-13.00 e 14.00-17.00.  

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