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Nesta Oficina em Alcabideche, é o bacalhau quem manda

Filho de bacalhoeiro na Noruega, Tomás Akslen aprendeu desde cedo que o bacalhau pode ser feito de várias formas. Na zona de Cascais, abriu agora um restaurante.

Teresa David
Escrito por
Teresa David
Jornalista
Oficina do Bacalhau
Mariana Valle Lima
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O bacalhau está para os portugueses da mesma maneira que está o fado. É amado e faz parte da identidade do país, mesmo que não seja nosso. O que não falta na cidade são restaurantes que lhe dedicam um prato, ou até dois, na mesma carta. Já um menu inteiro é mais difícil de encontrar. E é assim que a Oficina do Bacalhau, que abriu no final de Novembro em Alcabideche, na zona de Cascais, marca a diferença. O peixe domina a oferta em doses generosas de consolo. 

Oficina do Bacalhau
Mariana Valle Lima

“Tem corrido bem. De semana para semana vamos vendo mais adesão. Para a situação do país não me posso queixar”, comenta Tomás Akslen, responsável e chef do restaurante. Formado em Comunicação Empresarial, define-se como um autodidacta na cozinha, mas esta história tem mais que se lhe diga. “Venho de uma família, da parte do pai, de bacalhoeiros. O meu pai é norueguês. Desde pequeno sempre tive contacto com o peixe, sempre tive bacalhau em casa, às vezes até partes menos nobres, por isso a curva de aprendizagem do produto começou desde muito novo”, explica o chef. “Moro sozinho desde muito novo, o que fez com que eu cozinhasse sempre. Além disso, na família da parte da minha mãe são todos bons cozinheiros e fui sempre estimulado”, acrescenta. 

Oficina do Bacalhau
Mariana Valle Lima

Quando surgiu a oportunidade de abrir um restaurante, não havia dúvidas de que a especialidade iria ser o bacalhau. “Sentimos que em Cascais e toda a linha não havia nada que fizesse jus ao produto”, argumenta o cozinheiro. “Como não tinha dinheiro para pagar um chef de cozinha, porque são muito caros, cozinho eu”, diz. Da cozinha saem pratos bonitos, compostos, reconfortantes. Começámos por provar o carpaccio de bacalhau com funcho, lima e um vinagrete de citrinos (10€) e os clássicos pastéis de bacalhau (1,35€). Seguimos para um bacalhau à brás com presunto ibérico (15€) e continuámos com um arroz de línguas de bacalhau (13,5€, apenas disponível à quinta-feira). Para rematar, um bacalhau na grelha com uma salada de batata avinagrada, grão de bico, hortícola da época e azeite de coentros (16,5€). A refeição termina com duas sobremesas: pêra-rocha de Colares bêbada (4,5€) e torta de laranja caseira com topping de chocolate (4,5€). Também há pratos de carne na carta como o entrecôte grelhado (14€), as bochechas de porco preto estufadas (18€) ou o hambúrguer barrosã (11€) e ainda uma opção vegetariana, um caril de grão com manga (12,5€)

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Mariana Valle Lima

Na mesa do lado almoça um produtor local, responsável por muitos dos ingredientes utilizados nos pratos. “O que eu faço aqui com o cliente é o que eu faria para qualquer amigo meu, qualquer familiar. Eu já ia a Colares ter com este senhor para fazer compras pessoais, agora simplesmente aumentei a escala. Eu tenho a possibilidade de estar aqui ao lado de uma serra cheia destes pequenos produtores”, afirma Tomás. 

Oficina do Bacalhau
Mariana Valle Lima

O restaurante tem dois pisos. Em baixo há espaço para beber um copo e em cima é onde se serve a maioria das refeições. Em ambos há figuras de peixes amarelos, bacalhaus, a decorarem as paredes. Em cima o ambiente é simples, mas com um certo requinte, com um espelho com o formato da ilha de Aalesund, considerada a capital do bacalhau no mundo, de onde é o pai de Tomás. Os arquitectos Afonso Gomes e Miguel Duarte, e a designer Joana Subtil são os responsáveis pela decoração. 

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Mariana Valle Lima

No futuro, Tomás Akslen quer abrir ao domingo e estrear uma caldeirada de bacalhau, mas não é para já. “O próximo passo é consolidar aqui os processos e perceber quais são os melhores pratos para a carta, e depois, se tudo correr bem, já há ideias de progressão. Mas um passo de cada vez. Primeiro ter esta casa bem sólida." 

R. Cesaltina Fialho Gouveia 51 (Alcabideche). Seg-Qui 12.30-15.30 e 19.30-23-00. Sex-Sáb 12.30-15.30 e 19.30-00-00. 

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