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No jardim do Campo Grande nasceu um restaurante italiano com inspirações argentinas

Em pleno Jardim Mário Soares, o novo restaurante Tutti a Tavola promete sabores italianos e cocktails de autor, como o Portofino, que não só se bebe como se come.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Tutti a Tavola
Tutti a Tavola
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O Jardim Mário Soares, mais conhecido por Jardim do Campo Grande, é um verdadeiro oásis no meio da cidade. Construído em estilo de Passeio Romântico, convida-nos a trocar o barulho do trânsito pelo chilrear dos pássaros. Com portas de vidro a quase toda a volta, o novo restaurante Tutti a Tavola, no edifício do antigo Café Concerto, que fechou na pandemia, perto da entrada norte do jardim, é agora o poiso ideal para beneficiar do sossego e da vista – um bónus para famílias com crianças, que ficam à vontade para fazer recreio do relvado em frente à esplanada. Já à mesa, não só se reúnem diferentes sabores de Itália como se encontra uma ou outra surpresa, desde a pizza gamberino (13,50€), que troca a base de tomate por molho bechamel, ao portofino (6,95€), um cocktail de autor com Bacardi Superior e sumo de lima, que inclui maçã desidratada com caviar de Vinho do Porto.

Sóbrio na decoração, que inclui louças da Vista Alegre e candeeiros vindos directamente da Marinha Grande, o interior do Tutti a Tavola prima pela luminosidade natural, mérito das portas de vidro, que se erguem do chão ao tecto. “No Verão, tencionamos abrir tudo”, diz-nos Pedro Araújo, co-proprietário do restaurante, que abriu com os seus irmãos, Luís e Sandra. “Gosto muito de ter ideias, não durmo para ter ideias. Mas o negócio é familiar, sempre foi”, garante, antes de nos revelar como tudo começou há mais de quatro décadas, com o primeiro “tasco” dos seus pais. “Quando já éramos cinco, os nossos pais, eu e os meus irmãos, começámos a dinamizar esse e outros espaços. Cada um de nós tem uma área na qual se sente mais à vontade. No Tutti a Tavola, sou responsável pela área criativa. O meu irmão pela financeira e a nossa irmã pela operativa.”

Tutti a Tavola
Tutti a Tavola

Já na cozinha, manda o chef Carlos Mañe Rendon, que assina a carta. Natural da zona maia de Yucatán, no México, estudou na Argentina, onde a gastronomia tem forte influência espanhola e italiana. “Tive aí o meu primeiro contacto com a cozinha italiana e gostei muito do que lá estão a fazer”, conta o chef mexicano, que trabalhou em vários países, inclusive Itália, antes de vir para Portugal de propósito para assumir as rédeas da Taquería Patron, em 2017. “Mais tarde estive na Taberna Fina, o fine dining do chef André Magalhães, onde aprendi muito com o Guilherme Spalk, e envolvi-me noutros projectos em Lisboa e no Porto. Entretanto, fui convidado para colocar o conceito do Tutti a Tavola em prática. Agradou-me muito a ideia de ser muito familiar e caseiro e de trabalhar os sabores italianos sem tentar imitar a comida tradicional italiana. Isso seria logo mentira, porque não estamos em Itália. Por isso, o que queremos mesmo é oferecer sabores italianos e uma ementa com identidade”, remata.

Paté di carciofi e spinaci
Tutti a TavolaPaté di carciofi e spinaci (4€), gratinado de tomate seco e queijo parmesão

A originalidade começa logo com o surpreendente paté di carciofi e spinaci (4€), um gratinado de tomate seco e queijo parmesão, que vem acompanhado de pão de pizza crocante e fino. Nas entradas, destaca-se ainda a bruschetta (5,90€), com tomate confitado, ricotta e anchovas. Outro prato a não perder é a insalata della casa (10,50€). Com alface roxa, rúcula, espinafres baby, tomate confitado, pimentos assados, noz caramelizada e queijo de cabra, é perfeita para partilhar. Se preferir, há ainda arancini di salmone fumato (5,60€), carpaccio de novilho (10,50€), burrata (9,50€) e até sopa (3,25€). Mas o melhor é guardar espaço, caso contrário é capaz de não chegar à sobremesa.

Tutti a Tavola
Porchetta (14€), com molho de gorgonzola, espinafres e puré de batata doceTutti a Tavola

Na hora de mandar vir o prato principal, o favorito tem sido a porchetta (14€). Quem o diz é a chefe de sala, Diana Mendes, que não hesita em tecer elogios à barriga de porco, “cremosa por dentro e crocante por fora”, que vem com molho gorgonzola, espinafres e puré de batata doce. Embora um bestseller, não é a única estrela da carta. Entre as massas frescas, com nomes pouco comuns em restaurantes italianos em Portugal, sobressai o sorrentino di salsiccia fresca (11,50€), com molho de cerveja preta e cogumelos salteados. “As massas são todas feitas cá. Temos uma máquina italiana, que amassa e faz diferentes cortes. O sorrentino é uma espécie de ravioli, mas arredondado e bem mais gordinho. A versão que trazemos foi inventada na Argentina e não em Sorrento, na Itália, como o nome sugere. É um clássico de Buenos Aires”, desvenda o chef Rendon.

pizza margherita
Tutti a TavolaPizza margherita (6,50€-8,90€)

Há ainda outros pratos de carne e peixe, como o ossobuco (15€) e o linguine nero com salmão (14,30€); pizzas para todos os gostos (8,90€-13,50€), com massa fina e estaladiça; e dois risottos diferentes, com o di gambero (14,50€) a fazer mais furor que o clássico ai funghi (12,50€). E em breve, uma novidade: o sorrentino granchio (14€). “Em vez de salsicha, será recheado com sapateira e molho de espargos e espinafres”, revela o chef. “Mas estamos ainda a acertar tudo. É preciso fazermos um prato várias vezes até ficar como achamos que deve ser feito e como o cliente vai gostar. Se tens pratos complicados, complicas a cozinha e, se complicas a cozinha, complicas a sala. A ementa até pode ter uma descrição completa: se não resulta, não faz sentido.

E nem os mais novos foram esquecidos. Para as crianças, há dois clássicos, a popular pizza margherita (6,50€) e a aconchegante lasanha (6,50€), numa versão exclusiva a menores de dez anos.

Tutti a Tavola
Tutti a TavolaTartufo (5,50€), com chocolate negro, mousse de avelã caramelizada e caramelo salgado

Por fim, as sobremesas. Avisamos já: as bocas doces vão ter dificuldade em escolher. Além dos gelatos (4,50€), da tarde de maçã (5,50€) e da panna cotta de frutos vermelhos (3,50€), há tiramisú (5€), tradicional com queijo mascarpone e licor de amaretto; zeppole (5€), um bolo de massa choux recheado com creme de laranja e pistache; e um impressionante tartufo (5,50€), uma versão reinventada da típica sobremesa italiana com origem na Calábria. Com revestimento de chocolate negro meio amargo, faz lembrar um ferrero rocher, mas com o quádruplo do tamanho. O interior é recheado com mousse de avelã caramelizada e caramelo salgado.

Portofino
Tutti a TavolaPortofino (6,95€), cocktail de autor com Bacardi Superior, sumo de lima, maçã desidratada e caviar de Vinho do Porto.

Ainda está a salivar? Bem, não se vá embora sem provar os cocktails de autor. Há refrigerantes, vinhos (as escolhas são do sommelier português Bruno Antunes, que não se esqueceu de fazer sugestões para os melhores pairings) e até uma sangria especial (18€), com gim Bombay Sapphire, Macieira, vinho branco e espumante. A experiência no Tutti a Tavola só fica completa se provar um dos cocktails assinados pelo bartender Ricardo Xale. Além do já referido portofino (6,95€), vale a pena arriscar com o messina (7,95€), que leva tequila Patrón Silver, Fierro Martini, sumo de limão, puré de maracujá e xarope de malagueta caseiro. Sim, leu bem: é ligeiramente picante e, à semelhança da margarita, vem com sal nos rebordos.

O Tutti a Tavola fecha às 23.00, de segunda a quinta-feira, e às 00.00, de sexta a sábado, mas está a equacionar-se a possibilidade de ter horário de bar. A médio, longo prazo, estão já previstas noites de música ao vivo – apesar de ainda faltar muito, prevê-se um Verão animado. Se está com vontade de ir conhecer o Tutti a Tavola, vai gostar de saber que, além dos pedidos à carta, há um menu executivo de almoço, de segunda a sexta-feira, com entrada, prato principal e bebida por 14,50€.

Jardim Mário Soares (entrada norte), Campo Grande. 217 970 482. Seg-Qui 12.30-23.00, Sex-Sáb 12.30-00.00 e Dom 12.30-17.00.

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