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No novo disco de Caribou não há medo. Só entusiasmo

Escrito por
Tiago Neto
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Seis anos depois do último trabalho, há um novo terreno que Caribou se prepara para percorrer. Falámos com o músico canadiano sobre o disco que chega esta sexta-feira, Suddenly.

Melodias desdobráveis, cenários de profundidade pintados a progressões e quebras e loops amparados pela voz. Na música de Caribou cabe uma legião de personalidades não muito distantes do próximo, passíveis de ouvir a cada vez que carregamos no play, ou que a agulha desce sobre o vinil. Não é que a electrónica de Suddenly tenha subitamente despertado Dan Snaith, o músico por detrás do nome Caribou, para um novo capítulo; a viagem já vai longa e a malha construtiva foi bem estudada, mas talvez a vida o tenha feito. “É um disco que cobre muito terreno musicalmente, é muito diverso. Lembra-me um diário ou um álbum de fotografias.”

Seis anos – foi este o tempo que o canadiano levou até regressar com a assinatura Caribou, desde Our Love. Ainda que não tenha parado. Foi-se entretendo com Daphni, outro dos seus alter egos. “É um estilo mais club e uso-o em DJ sets. Mas depois de algum tempo comecei a ter saudades de escrever música. Foi o que fez. E Caribou voltou a florescer. "O que faço é gravar centenas e centenas de de diferentes loops e snipets e depois decido o que transformar em faixas.”

Foram mais de 900 pequenas ideias a repousar em pastas, prontas a servir um corpo que lhe fizesse sentido. Ele chama-lhe caos metódico. “Não penso em terminar um disco, se é bom ou não, aprecio o processo de construção. Depois de agrupar tudo, penso ‘ok, deixa-me ver o que tenho’. Aí é que entra a parte metódica, transformar essas 900 ideias num álbum de 12 faixas. Isso implica um processo.”

Os trabalhos discográficos valeram a Caribou uma reputação considerável na electrónica e as distinções foram surgindo. Polaris Music Prize, Mix of The Year, IMPALA Album of The Year Award; se o virmos em acção, tudo parece encaixar no mundo que vai desenhando sonicamente. Mas se lhe sobra uma pulsação desafiante, é aqui que a encontramos: “Não é que não queira saber, mas não é algo que fundamentalmente me diga alguma coisa.” O público, os concertos, as mensagens de pessoas, essas são as consagrações tangíveis.

“Home”, “You And I” e “Never Come Back” são os três primeiros avanços de Suddenly. Se a reacção do público seis anos depois o preocupou? “Não, de todo. Houve duas pessoas a dar-me feedback ao longo do processo: a minha mulher e o Kieran Hebden (Four Tet), e são os dois brutalmente honestos comigo. Não há medo ou ansiedade. Só entusiasmo. Quero sair, tocar as músicas, conhecer pessoas, sentir essa energia. Sou um sortudo por poder viajar pelo mundo, tocar para pessoas. É um prazer incrível.” O NOS Alive vai dar-lhe esse gosto, a 10 de Julho.

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