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O belo Canto de Avillez com Ana Moura e António Zambujo

Sebastião Almeida
Escrito por
Sebastião Almeida
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O novo restaurante de José Avillez, António Zambujo e Ana Moura dá vida ao antigo Belcanto e será um espaço onde se cruzam “as duas grandes invenções do universo”, a música e a cozinha. Abre no início de Fevereiro.

A sala do antigo Belcanto de José Avillez, na Rua Serpa Pinto, entrou em obras em Maio do ano passado, mas rapidamente ganhou nova vida. Chama-se agora Canto e é o novo projecto do chef com duas estrelas Michelin, numa parceria com o cantor António Zambujo e a fadista Ana Moura. O espaço, que abre nos primeiros dias de Fevereiro e que só serve jantares, será uma espécie de casa de fados com curadoria gastronómica de José Avillez e curadoria musical dos dois artistas.

Na apresentação do restaurante aos jornalistas, nesta terça-feira, o chef contou que a ideia inicial para o espaço passava por unir a antiga sala ao novo Belcanto, mas que tal acabou por não ser possível. “Estava ao telefone com a Ana e ela disse-me ‘Ó, Zé, o que gostava mesmo era de ter um espaço onde se pudesse cantar com a tua comida’. Assim, em 30 segundos disse-lhe que já tinha o espaço”, recorda.

“As grandes invenções do universo são a música e a cozinha. Se tentarmos imaginar a nossa vida sem música e cozinha será de certeza mais triste e menos interessante”. Nesta casa, unem-se então estas duas grandes virtudes, de acordo com José Avillez.

As presas de porco alentejano com migas são um dos pratos principais
Grupo José Avillez

A cozinha portuguesa “com um ou outro toque”, disse o chef, será o forte do Canto, mantendo-se sempre fiel à tradição gastronómica. Os bilhetes (75€) incluem o espectáculo e um jantar que se divide em quatro momentos. Inicia-se com o couvert e seguem-se três entradas frias à escolha. Poderá optar entre santola recheada, perdiz de escabeche, atum confitado com feijão-frade ou tártaro de novilho trufado. Nas entradas quentes, o camarão salteado com alho e malagueta, os croquetes de rabo de boi e foie gras com mostarda trufada e a alheira de mirandela assada com ovo de codorniz estrelado abrem o apetite para o que se segue.

Nos principais, o arroz de marisco, o robalo salteado com legumes e molho holandês e as plumas de porco alentejano com migas e favinhas são algumas das propostas pensadas para a experiência. O pudim Abade de Priscos, que teve direito a prova por duas vezes, o toucinho do céu ou as farófias com raspas de limão terminam o repasto, antes de começar a actuação que terá perto de 45 minutos e que contará com músicos residentes e outros convidados.

O arroz de marisco
Grupo José Avillez

 “O desafio que iremos propor aos músicos convidados será de adaptarem o repertório e a música deles a este espaço e aos instrumentos disponíveis”, adiantou o músico. As noites passadas nas casas de fado, a tocar com outros artistas e a partilhar ideias motivaram a criação de um restaurante com estas características, confessou Ana Moura. “Temos imensa vontade de juntar cantores, pessoas ligadas à literatura e à pintura. Vamos talvez poder fazer algumas residências artísticas”, anunciou a fadista.

Quem se recordar do Belcanto, não encontrará qualquer semelhança com o restaurante que se mudou para a porta do lado. A luz baixa, os pormenores de pequenos objectos tradicionais espalhados ao longo das paredes, do tecto, e os móveis em madeiras conferem à sala um ambiente quente e confortável, a fazer lembrar as tradicionais casa de fado com um toque moderno e burguês, responsabilidade da artista e designer Joana Astolfi.

Pormenores da decoração no interior
Boa Onda

As reservas para jantar podem ser feitas entre as 19.00 e as 20.15, pois o início das actuações está previsto para as 21.30. À sexta-feira e sábado haverá jantares até mais tarde, entre as 23.00 e as 02.00, que não implicará a compra do bilhete (apenas um consumo obrigatório de 20€).

A noite de apresentação do projecto terminou com a actuação dos anfitriões, acompanhados por guitarra portuguesa, piano e contrabaixo. Cantou-se em português, mas também se celebrou a cultura dos países de língua portuguesa, com a interpretação de uma morna celebrizada por Cesária Évora. A programação cultural será anunciada todos os meses no site do restaurante, mas o palco estará aberto a todos os que queiram mostrar a sua arte, conhecidos ou não.

Rua Serpa Pinto, 10 (Chiado). 21 162 6310. Ter-Sáb 19.00-00.00. 75€ (sem bebidas incluídas).

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