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Café Le Bam
Gabriell Vieira

O Café Le Bam tem cookies, brunch e café de especialidade a viver ao lado de vinhos naturais

O Le Bam abre durante o dia para servir refeições mais leves e café, e ao final da tarde a Ladidadi retoma o habitual funcionamento como loja de vinhos.

Escrito por
Francisca Dias Real
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As garrafas que ocupam as paredes de cima abaixo da Ladidadi, uma pequena loja de vinhos naturais na Damasceno Monteiro, na Graça, estavam demasiado sós nos finais de tarde. Faltava ali qualquer coisa que pusesse o espaço a mexer durante o dia. A Ladidadi tornou-se numa espécie de boneca matrioska e passou a guardar lá dentro o Le Bam, um novo café com refeições leves, brunch e café de especialidade. Só fica por lá até 31 de Outubro.

Fazia parte do roteiro habitual de Heather Mawhinney pelo bairro – onde mora – uma ou outra paragem pela Ladidadi Wines. Mas não foi o primeiro sítio em que esta canadiana com raízes chinesas e indianas pensou para abrir o seu próprio espaço. Fez carreira no marketing ainda em Toronto, mas foi a comida e as suas infinitas possibilidades que lhe agarraram o coração. Depois de uma formação na área, voltou de vez para Lisboa para pôr o que tinha aprendido em prática – começou com pop ups, já que queria ir experimentando sempre coisas diferentes. 

“Sou novata na cozinha, e sempre soube que queria trabalhar por conta própria, mas nunca tinha pensado na possibilidade de ter um café ou um restaurante só meu”, conta Heather, que um dia tropeçou num café para arrendar junto a sua casa e o bichinho começou aí a ganhar forma. “Vi aquele sítio e comecei a pensar, de facto, na possibilidade de ter um espaço só meu. Construí um plano de negócio e tudo, mas o investimento era muito grande e eu estou sozinha nisto”.

Café Le Bam
Gabriell Vieira

Numa das suas idas à Ladidadi recuperou essa ideia: “E se pudesse estar aqui durante o dia e fazer as minhas coisas?”. O processo foi muito orgânico. Depois de tudo fechado com Tonell Florian e Clara Higham-Stoianova, donos da loja de vinhos, Heather começou por preencher algumas necessidades do espaço que o tornassem funcional para servir refeições. A ideia é que a ementa mude muitas vezes, introduzindo sempre novos pratos consoante a sazonalidade dos produtos. 

O menu não é extenso e tem sempre uma salada – na semana em que visitámos o espaço era uma tailandesa com rúcula, couve, pimenta, puré de coentros e vinagrete tailandês. O pão usado é da Isco, a padaria de fermentação lenta em Alvalade, e serve de base a pratos muito pedidos como a burrata com clementina preservada e óleo de pimenta, ou os famosos chili garlic scramble, com ovos, espinafres, óleo de pimenta e molho Bam, que é uma mistura chinesa caseira.

Café Le Bam
Gabriell Vieira

“Quero servir coisas que mostrem às pessoas o que é bom para o corpo delas, que podem comer saudável sem ser um prato aborrecido”, explica. “Não é um fine dining, mas é pequeno o suficiente para que eu possa mudar o menu muitas vezes consoante o que vai havendo da estação. Num dia frio posso ter sopa e na semana a seguir já não ter”.  

Café Le Bam
Gabriell Vieira

Heather quer fazer comida de conforto com inspiração chinesa para poder ter pratos com aquele elemento surpresa, como é o caso das cookies fofas de chocolate, nozes e miso (2€), já um best seller do Café Le Bam. 

As cookies, juntamente com os bolinhos caseiros, estão num expositor em cima do balcão que ela própria construiu, à semelhança dos bancos em segunda mão que comprou no OLX e forrou os assentos com tecido. As loiças são quase todas compradas em lojas vintage, com pratos em loiça holográfica alaranjada, e até os guardanapos são especiais: são de pano e tingidos manualmente com recurso a desperdício alimentar por Tamara Bigot, do projecto Distinto Lisboa. 

Café Le Bam
Gabriell Vieira

“Quis ter aqui coisas especiais, os guardanapos são uma delas. Foi tudo muito caseiro, muito DIY e a magia da coisa está aí também”, conta. “O espaço não é grande, mas tentei que ficasse o mais acolhedor possível para as pessoas poderem vir sem grandes pressas – é um sítio para estares com calma, beberes um café ou ficares para comer”. 

A pequena máquina La Marzocco, num canto do balcão, faz correr chávenas de expressos (0,90€), cortados (2,20€), cappuccinos (2,80€) e dá uma ajuda no flat white (3€). O café é da 80Plus, uma torrefactora de Barcelona, e vai variando a origem, sempre single, seja ela da Nicarágua, Ruanda ou Colômbia. “No futuro gostava de trabalhar com uma torrefactora portuguesa, mas tenho de encontrar um equilíbrio entre a qualidade e o preço, para não aumentar o preço do café para os clientes”, explica. Do menu de bebida é ainda possível pedir chá frio (2€) e kombucha caseira (2,50€), feita por Heather, e que vai bem com o brunch, fresquinha. 

Ainda dentro da Ladidadi, há mais que uma loja de vinhos e um café. Por lá já tocava um gira-discos para animar as tardes de copo cheio, e uma série de discos que a clientela ia levando, mas sem nunca assumir que naquele cantinho da loja poderia nascer a Ladidadi Records. A coisa oficializou-se e o móvel passou a estar recheado de novas referências musicais prontas a levar para casa – todas as semanas, no Instagram, dão destaque a uma editora e a discos à venda na loja.

Rua Damasceno Monteiro, 59A (Graça). Ter-Sáb 09.00-16.00.

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