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Equinox
Tine Harden/NetflixEquinox

O caso dos adolescentes desaparecidos na Dinamarca

‘Equinox’ é a adaptação para a Netflix de uma história que começou por ser um sucesso em podcast. Antecipamos este thriller sobrenatural dinamarquês.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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“Existe uma outra realidade. Outra para além daquela em que estamos a viver. Eu estava lá, Astrid. Eu estava lá. Vai voltar a acontecer.” Astrid, que trabalha na rádio e está a atender telefonemas em directo, sugere que se passe à próxima chamada. “Não desligues. Sou eu, o Jakob... Jakob Skipper. Não te lembras de mim? Eu conhecia a tua irmã, Ida. Eu sei porque é que ela desapareceu. Aquilo que dizes ser superstição é real. Está tudo no livro. Temos de nos encontrar. Eu estava lá. Vi-os desaparecer. Eu sei o que aconteceu.” E desliga, para desespero de Astrid. Não, não é o regresso de Dark. Nem é ainda a quarta temporada de Stranger Things. Mas é uma minissérie dinamarquesa com mundos paralelos e florestas densas em que desaparecem adolescentes misteriosamente, e é a proposta da Netflix para fechar o ano televisivo – com estreia marcada para esta quarta-feira, dia 30.

Equinox é um thriller sobrenatural baseado em Equinox 1985, um podcast da DR, a estação pública da Dinamarca, que foi um sucesso local e chegou ao topo do iTunes no país. Criada por Tea Lindeburg e publicada em formato áudio em 2017, a história era descrita pelos ouvintes como uma experiência claustrofóbica mas viciante. Dois anos depois, a Netflix garantia os direitos de adaptação e punha a Apple Tree de Piv Bernth (The Killing: Crónica de um Assassinato) a produzi-la. Este será apenas o segundo “original Netflix” dinamarquês – o primeiro foi The Rain, uma drama pós-apocalíptico cuja terceira e última temporada se estreou em Agosto último. Equinox, no entanto, deverá conseguir outra tracção junto da audiência internacional da Netflix, pelo menos num momento inicial: as incontornáveis comparações com Stranger Things e Dark (sobretudo, devido à língua não-inglesa) vão gerar curiosidade; resta saber se tirará proveito dessa alavancagem.

Televisão, Séries, Netflix, Drama, Thriller, Equinox (2020)
©NeflixDanica Curcic em Equinox

Passemos à história. Em 1999, um grupo de adolescentes desaparece misteriosamente durante a viagem de finalistas. Entre eles está a irmã mais velha de Astrid, de apenas dez anos, que após o trauma passa a ser acometida por terríveis pesadelos. Sonhos vívidos que, como é da sua natureza, esbatem a fronteira entre realidade e fantasia. Duas décadas mais tarde, Astrid volta a sofrer com estes pesadelos depois do telefonema de Jakob (August Carter), um dos três sobreviventes da fatídica viagem de finalistas. Quando também ele morre de forma inexplicável, Astrid (Danica Curcic, Darling) decide investigar, ir à procura de respostas; e vai descobrir o seu próprio papel em tudo isto. Se a versão audiovisual da história seguir a do podcast, segundo a descrição de uma blogger que sobre ele escreveu um raro texto em inglês, esse ansioso trabalho de escrutínio será contrastado com a calma que advém do canto dos pássaros e do tilintar das chávenas de chá.

A fasquia proposta pela DR, aquando da estreia do original, era elevada: a estação sugeria similitudes com Serial, um dos podcasts mais populares dos últimos anos. Em 2019, a propósito do anúncio de que Equinox iria passar a série de televisão, a responsável da Netflix pela produção de originais no Norte da Europa, Tesha Crawford, dizia-se “muito entusiasmada” com o projecto. “Tem sido deveras inspirador trabalhar com uma narrativa proveniente de um formato não-tradicional, como são os podcasts”, disse, mostrando-se convicta de que o facto de ter a bordo uma aclamada produtora dinamarquesa iria permitir criar “uma série tão viciante como a história original”. Posto isto, vale a pena ouvir o que a própria Piv Bernth, experiente produtora (executiva) de 64 anos, tinha então para dizer: “É uma história ímpar sobre a diferença entre realidade e imaginação, e na relação entre o livre arbítrio e o destino – tudo no seio de uma família dinamarquesa normal. A equipa criativa por detrás dela é extremamente talentosa e é um grande prazer trabalhar com ela. Estamos em pulgas para mostrar a série a uma audiência global juntamente com a Netflix.”

Para já, o pouco que se viu dos seis episódios de Equinox são as imagens do teaser divulgado em Novembro (de onde é retirado o diálogo que abre este texto) e o trailer que aterrou na internet há duas semanas, mais focado na jovem Astrid (Viola Martinsen) e nos depoimentos pouco convincentes dos sobreviventes na altura do desaparecimento do grupo de adolescentes. A série deambula entre 1999 e 2020, e vai acrescentando peças a um puzzle que, uma vez completo, deve revelar um twist inesperado, claro, e sobrenatural. Esta pode bem ser a única agitação possível nestes dias que permeiam o Natal e o Ano Novo.

Netflix. Qua (estreia).

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