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O Diabo está à espreita na nova aposta da HBO

A HBO estreia a série ‘Devils’ esta quarta-feira, 26 de Agosto. Os protagonistas Alessandro Borghi e Patrick Dempsey antecipam o thriller financeiro.

Raquel Dias da Silva
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Raquel Dias da Silva
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“Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos.” A frase remonta a 1789 e foi escrita por Benjamin Franklin, um dos pais fundadores dos Estados Unidos, numa carta endereçada ao físico francês Jean-Baptiste Leroy, mais de dois séculos antes de a crise do subprime, a chamada “bolha imobiliária americana”, estourar, em 2008. A máxima não podia ter sido mais certeira. O maior caso de falência da história dos EUA multiplicou-se por todo o mundo e obrigou os governos a resgatar instituições financeiras à custa do dinheiro dos contribuintes. É precisamente essa crise económica mundial o pano de fundo para a nova aposta da HBO, uma produção franco-italiana da Sky, que chega a Portugal esta quarta-feira, depois de a segunda temporada ter sido confirmada ainda antes da estreia, em Abril.

Inspirada no romance homónimo de Guido Maria Brera e ambientada em Londres, na sede europeia de um grande banco americano, Devils pinta um quadro ameaçadoramente actual do poder exercido pelos financeiros de topo através de várias manchetes da vida real, desde a crise argentina e as recessões na Irlanda e na Grécia ao escândalo sexual de Strauss-Kahn. O protagonista, interpretado por Alessandro Borghi (no seu primeiro papel em inglês, importa destacar), é Massimo Ruggero, um financeiro carismático e intrépido, que faz milhões graças à especulação e espera ser promovido em breve – pelo menos até se tornar o principal suspeito do homicídio de um colega e ser obrigado a escolher entre juntar-se aos implacáveis “devils” que governam o destino do mundo à revelia dos poderes oficiais, ou tentar derrubá-los de vez.

“O mais complicado foi a língua, sobretudo porque o argumento aborda um universo sobre o qual eu não sabia muito”, confessa Borghi ao telefone, por entre interferências técnicas e linguísticas. “Mas agora já podia administrar um hedge fund [um fundo de investimentos de capital fechado com carácter especulativo]”, brinca o italiano, antes de acrescentar que está muito feliz com o resultado, mas sobretudo com o facto de ter tido oportunidade de dar vida a um personagem que, apesar das suas raízes humildes, procura vingar num meio tão competitivo como a alta finança. “É importante para Massimo, que é italiano mas cresceu em Londres, provar que pertence, que pode ser parte de uma área de negócio onde há um certo racismo encapuzado. O sotaque britânico [que tive de treinar] é só uma parte dessa identidade que ele constrói.”

Dominic Morgan, CEO do banco onde Ruggero trabalha e o mais próximo de um pai que alguma vez conheceu, é uma peça importante deste puzzle internacional. “Não li o romance de Guido, porque não havia tradução para inglês, mas tive, o que foi ainda melhor, a chance de conversar com o autor, que nos recomendou vários livros e materiais de pesquisa”, destaca Patrick Dempsey noutro telefonema com a Time Out. O actor, que foi uma das estrelas da Anatomia de Grey, estava em Nova Iorque quando um dos realizadores, Nick Hurran, o convidou para se juntar a Borghi no elenco. “Ele disse-me ‘isto é o que estamos a tentar fazer, lê o primeiro episódio e diz-me o que achas’. Eu li e fiquei muito entusiasmado com o enredo”, conta. “É fascinante como a mensagem ou, na verdade, as mensagens que tentamos transmitir, porque são de facto muitas, encontram paralelo nos dias de hoje.”

Como é que as decisões que certas elites tomam, por entre as suas próprias crises emocionais, impactam a vida de terceiros, é a pergunta-chave – ambos os actores o confirmam. “Altas esferas de negócios e dinheiro, é disto que se trata, mas há um preço a pagar”, reforça Dempsey. “O mundo é demasiado grande, está demasiado interligado. Se não começarmos a colaborar uns com os outros, não vamos ser bem-sucedidos”, sentencia. “É importante, nestes tempos sombrios, mudarmos a nossa mentalidade e a forma como vivemos globalmente, sabendo que somos interdependentes e que precisamos de bons líderes.”

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