A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar

O Festival Rescaldo regressa em Março, após quatro anos de silêncio

A 12.ª edição do festival de música aventureira realiza-se entre os dias 2 e 6 de Março e divide-se pelas Damas, pelo Centro Cultural de Belém, pela Zé dos Bois e pela St. George’s Church.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
Publicidade

Já tínhamos saudades do Festival Rescaldo. Desde 2018 que o festival concebido por Jorge Trindade, mais conhecido como Travassos, designer, editor, músico e divulgador com um percurso notável, não se fazia ouvir. Vai finalmente regressar no início de Março, para a sua 12.ª edição, com precisamente 12 concertos (mais um DJ set) espalhados por cinco dias e quatro salas da cidade.

A música continua desafiadora e a seguir as coordenadas de sempre, esbatendo barreiras entre o rock, o jazz, a música improvisada e as electrónicas. Mas há mudanças na ficha técnica. Ao mentor Travassos junta-se agora João Castro, da promotora Nariz Entupido, na programação e na produção, e Rui Pedro Dâmaso, da OUT.RA — Associação Cultural barreirense, assina os textos de apresentação.

A identidade do festival, porém, não mudou, com nomes históricos e emergentes a cruzarem-se ao longo dos dias. Isso fica claro logo no primeiro, 2 de Março, uma quarta-feira. A abertura, nas Damas, é feita por Carlos “Zíngaro”, intérprete crucial da música improvisada portuguesa. Enquanto ele toca violino, serão projectados excertos de um documentário de Inês Oliveira que acompanha a sua vida e obra e que deve estrear-se no próximo IndieLisboa. Na segunda hora, ouvem-se os drones de Clothilde, aliás Sofia Mestre, que se estreou com Twitcher em 2018 e lançou o exemplar Os Princípios do Novo Homem em 2021 pela Holuzam.

Nos dias 3 e 4 de Março o festival muda-se para o Centro Cultural de Belém. Ouvem-se primeiro a gaita-de-foles e as electrónicas de Vasco Alves; depois o free jazz de O Carro de Fogo de Sei Miguel, com várias gerações de músicos guiados pelo visionário trompetista português; e por fim a música volátil de Toda Matéria, trio de Joana da Conceição, Maria Reis e Sara Graça.

Um dia depois, destaca-se Má Estrela, projecto liderado pelo saxofonista Pedro Alves Sousa, nome importante do free jazz português deste século, que aqui se faz acompanhar por Bruno Silva (electrónicas), Simão Simões (electrónicas), Rui Dâmaso (baixo) e João Portalegre (bateria). O jazz é apenas o ponto de partida para uma viagem que passa pelo dub, o footwork e o psicadelismo. Depois actuam os Máquina Magnética, quarteto que junta as electrónicas de Pedro Tudela e Miguel Carvalhais, dos @c, com a percussão de Gustavo Costa e os visuais de Rodrigo Carvalho.

O festival continua no sábado, 5 de Março, na ZDB. Primeiro escutam-se os sintetizadores modulares dos Onda Xoque, mais tarde sobe ao palco a Medusa Unit, liderada pelo violoncelista Ricardo Jacinto, e por fim tocam os Hetta, banda de pós-hardcore do Montijo. A noite termina com o saxofonista Rodrigo Amado (Motion Trio) e o guitarrista Tó Trips (Club Makumba) juntos em palco, mas sem instrumentos, num DJ set único.

A música cala-se no domingo à tarde, mas só depois de mais um par de concertos na belíssima St. George’s Church, a igreja anglicana da Estrela. Pelas 17.00 vai ouvir-se a música electro-acústica de Banha da Cobra, duo de Mestre André e Carlos Godinho. Uma hora depois, escuta-se um solo de marimba de Pedro Carneiro, que editou há meses, pela Clean Feed, Elogio das Sombras, gravado em duo com… Carlos “Zíngaro”. Porque isto anda tudo ligado.

+ Sete festivais de Verão que nos fazem suspirar pela Primavera

+ Leia já, grátis, a edição digital da Time Out Portugal desta semana

Últimas notícias

    Publicidade