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O flamenco mais cubano de Lisboa é de Diego El Gavi

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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Diego El Gavi quer quebrar as barreiras que apartam a cultura cigana e, a partir do flamenco, criou um disco atlântico. Vai apresentá-lo esta quinta-feira no São Luiz. Depois do concerto, vai “desmistificar a cultura cigana”.

“Há males que vêm por bem.” Em 2018, Diego El Gavi perdeu “o trabalho de um ou dois anos”. O disco em que se propunha abrir o flamenco ao mundo – ao jazz, ao bolero, à salsa e ao montuno – perdeu-se na memória de um computador infecto. As gravações ficaram inacessíveis, cortesia de um daqueles vírus que não se vêem ao microscópio. “Senti-me tão triste!” Confidenciou o infortúnio a Ricardo José Lopes. O produtor “ficou sensibilizado”. Abriu-lhe as portas do estúdio e foi gravar com ele. “As condições eram muito melhores e houve tempo para repensar algumas coisas”, diz Diego, mais satisfeito com o resultado da segunda tentativa do que com o que havia da primeira. Nesta quinta-feira, vamos poder confirmá-lo na apresentação ao vivo de Puerta del Alma, no São Luiz.

“As pessoas estão a precisar de uma injecção de coisas novas. Não é música que ouçamos todos os dias.” Diego pegou no flamenco e abordou-o através do jazz latino e dos ritmos quentes da música cubana. Não é um disco fechado num género, insiste, “é world music”. Ao vivo, tal como no estúdio, é acompanhado por Paulo Croft (guitarra), Victor Zamora (piano), Carlos Mil-Homens (percussão), Léo Espinosa (baixo) e Ricardo Pinto (trompete).

A Fábrica Braço de Prata é um dos palcos habituais do grupo. Zamora – que tem com Salvador Sobral o projecto Alma Nuestra – e Espinosa tocam com Paulo de Carvalho, que não só aceitou participar no disco como ofereceu um tema: “Calon”. “É um senhor de uma humanidade e de uma humildade incríveis”, garante Diego. É um dos convidados para o São Luiz. Tal como Ricardo Ribeiro, que canta em “Bolero Zamora”. Conheceram-se através de uma amiga comum, a bailarina Marta Chasqueira, e “houve logo uma amizade e uma cumplicidade muito grandes”. “Ele tem um grande conhecimento dos ciganos”, pelo convívio permanente que teve na infância com membros da comunidade. Essa é, aliás, uma questão importante para o cantor luso-espanhol: quebrar as barreiras que servem para acantonar a cultura cigana. Por dentro e por fora. No final do concerto, haverá por isso “uma festa pequena” no Jardim de Inverno do São Luiz para “desmistificar a cultura cigana”. “A música faz passar barreiras muitas vezes. Através da música, conseguimos perceber que, apesar de termos as nossas crenças ancestrais, somos todos seres humanos.”

Foi igualmente através da música que recebeu um convite para o 60.º aniversário de Madonna, em Marraquexe. A cantora tinha-os visto num concerto privado organizado por  Ricardo José Lopes, mentor das Lisbon Living Room Sessions. E em breve o percussionista que o acompanha, Carlos Mil-Homens, subirá ao palco do Coliseu dos Recreios para os espectáculos de Madame X, diz-nos Diego, cheio de bons cartões de visita.

Para a apresentação de Puerta del Alma, falta confirmar a terceira voz convidada do disco: Tatanka.

+ Entrevista a Ricardo Ribeiro: “A música, a poesia e a filosofia sempre me salvaram”

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