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O jornalismo de elite do “New York Times” salta do papel para a televisão

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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Durante século e meio, o The New York Times tinha um negócio fundamental: fazer e imprimir notícias. Depois, tudo começou a mudar muito depressa. E mudou tanto que o jornal chega agora à televisão, com The Weekly.

O aspecto respeitavelmente antigo do jornal The New York Times, com o seu longo, pouco prático e palavroso formato em broadsheet encabeçado pelo histórico logótipo de letras buriladas, esconde uma verdade inatacável: trata-se de um dos projectos jornalísticos mais dinâmicos, inovadores e interessantes em todo o mundo. É muito mais do que um diário em papel, com suplementos de encher o olho e uma edição online competente. É um arquivo ímpar, que começa em 1851, e casa de trabalhos multimédia que são a inveja de toda uma geração de jornalistas. Uma redacção que deu o salto para a rádio e para os podcasts e que, no Verão, se estreou finalmente em televisão com The Weekly. É tudo.

The Weekly é uma série documental que leva ao ecrã algumas das mais significativas investigações do jornal. Nos EUA, está a ser exibida desde Junho pela FX e através do Hulu, que encomendaram 30 episódios ao jornal para a primeira temporada. O que chega esta terça-feira à televisão portuguesa é uma versão de apenas dez episódios.

O alinhamento também não é o mesmo: os norte-americanos começaram por ver a reportagem sobre uma escola no Luisiana que falseava resultados e explorava a discriminação racial para conseguir que os seus alunos entrassem em universidades de topo; por cá, veremos primeiro como o algoritmo do YouTube foi crucial na ascensão da extrema-direita no Brasil e na eleição de Jair Bolsonaro. Mas também veremos como o Facebook é usado para extorquir dinheiro; como a General Motors chegou ao fim da linha; como o Green New Deal está a ser cozinhado nos bastidores do Partido Democrata, em total oposição ao Presidente Donald Trump, que nutre um ódio de estimação pelo The New York Times.

“Temos cerca de 60 pessoas a trabalhar na série. Escolhemos histórias acessíveis e com interesse para a generalidade das pessoas, quer seja terrorismo, imigração ou educação”, diz-nos o editor e produtor executivo, Jason Stallman, que antes de abraçar este projecto, que começou a ser desenhado há dois anos e meio, era editor de desporto. “A maior parte dos episódios precisa de 15 a 22 semanas de produção”, nota. No entanto, “pode ser uma investigação que dura um ano, ou algo a ser concretizado de forma mais breve”. Idealmente, o episódio sai ao mesmo tempo em que o artigo escrito é publicado online e na edição em papel. A notícia explode em todos os meios. É um furo – vale manchete, notificação para o telemóvel, buzz nas redes, tudo.

“Quando começámos, não sabíamos como é que a redacção reagiria, uma vez que [a série] é tão diferente de tudo o que fizemos antes. Mas toda a gente tem sido entusiástica, ninguém tem posto obstáculos”, observa Jason Stallman, ao telefone desde Nova Iorque. “Os jornalistas gostam da oportunidade de fazer o seu trabalho de uma forma diferente, embora o mais importante é que sentem que matam dois coelhos de uma cajadada: escrevem uma história que muita gente vai ler e fazem um programa que muita gente vai ver.” A duração de cada episódio, de menos de meia hora, dá uma ajuda.

Odisseia. Ter 23.00 (estreia T1).

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