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O mundo precisa destas Super Drags

Escrito por
Clara Silva
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A nova série de animação da Netflix foi produzida no Brasil e estreia-se esta sexta-feira. As super-heroínas são drag queens e Pabllo Vittar dá a voz a uma personagem. Falámos com um dos criadores, o brasileiro Fernando Mendonça.

Imagine as Powerpuff Girls em versão drag queen. Durante o dia, trabalham numa loja. À noite, vestem-se de superdivas e protegem a comunidade LGBT com muito glitter à mistura. É assim a nova série de animação original da Netflix, produzida pelo brasileiro Estúdio Combo e criada por Anderson Mahanski, Fernando Mendonça e Paulo Lescaut.

Os superpoderes drag vão chegar a partir de sexta-feira aos 190 países que têm acesso à Netflix, “um grande feito para a comunidade”, orgulha-se Fernando Mendonça. “É a primeira vez que, como homem gay, vejo uma série de animação para adultos em que as personagens principais são gay.”

Tudo começou numa viagem de metro, quando Fernando, que também trabalha como voz off, começou a imitar várias vozes “características da cena gay”. “Alguns têm aquela voz firme, outros aquela voz mais agressiva e depois há a voz feminina”, conta. “E se tivéssemos três heroínas com estas vozes? Rimo-nos tanto que soubemos logo que tínhamos de produzir uma série assim.”

Algumas das personagens foram inspiradas por quem lhes dá a voz. Por exemplo, Vedete Champagne é uma versão de Silvetty Montilla, “uma das drag queens mais queridas do Brasil”. Goldiva, “uma combinação de divas como Madonna, Lady Gaga, Beyoncé e Anitta”, tem voz de Pabllo Vittar, que também canta a música do genérico.

Já as três super-heroínas principais são Lemon Chiffon – “a militante, com um carácter maternal” –, Safira Cian – “a mais forte, mas também a mais doce, uma princesa que gosta de anime” – e Scarlet – “com um sentido de justiça” e a “mais engraçada”.

A série é feita a pensar na comunidade LGBT, mas não só. “É um show para quem gosta de comédias sem limites e humor. Para fãs de animação para adultos como Bojack Horseman e Big Mouth, também na Netflix, mas também para todos os que gostam de RuPaul e sentem falta de heróis de desenhos animados superfofos e coloridos.”

No Brasil, “Super Drags” já causava polémica quando ainda estava em fase de produção. A Sociedade Brasileira de Pediatria pediu o cancelamento da série, alertando para “os riscos de se utilizar uma linguagem iminentemente infantil para discutir tópicos próprios do mundo adulto”, defendiam. Felizmente não conseguiram.

“Acho que houve muita falta de informação no que diz respeito ao público-alvo da série”, comenta Fernando. “A animação para adultos ainda é um género pouco explorado no Brasil.”

Curioso também que as “Super Drags” apareçam numa fase em que o país teme um retrocesso no que diz respeito aos direitos alcançados pela comunidade LGBT. Uma coisa é certa, o humor continua a ser um dos melhores superpoderes.

Aliás, “não há nada mais perto do amor do que o humor”, diz Fernando. “Acho que podemos chegar ao coração das pessoas com o show, fazê-las rir e perceber o que é estar na nossa pele.”

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