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O novo rock dos GNR é mais electrónico (e está de volta ao coliseu)

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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A sala que os GNR resgataram para a pop em meados dos anos 80, o Coliseu dos Recreios, volta a acolher a banda neste sábado. Perguntámos a Rui Reininho se o novo espectáculo dará pistas para um novo disco.

Os GNR mudaram o regimento. Agitaram as hostes. A caminho dos 40 anos de carreira, a celebrar no próximo ano, os três oficiais da banda – Rui Reininho (voz), Tóli César Machado (guitarra) e Jorge Romão (baixo) – decidiram mexer na estética musical da banda e abdicar das guitarras de Tiago Maia e das teclas de Paulo Borges (o baterista Samuel Palitos mantém-se), para dar lugar aos sintetizadores de Rui Maia (X-Wife) e montar um novo espectáculo. Já o apresentaram ao vivo, em “pré-testes” na Marinha Grande e na Maia, mas agora é a doer. Primeiro no Coliseu do Porto, na sexta-feira, depois no Coliseu dos Recreios, no sábado. Os GNR são cabeças de cartaz do festival descentralizado Às Vezes o Amor. São sempre especiais os concertos do grupo nestas salas. Mais vale ouvir e ver.

Rui Reininho diz-nos o que esperar: “Tentou-se mudar um pouco a estética. Fomos ali a uma estética um bocadinho mais electrónica, que tem mais a ver com a leitura que o Rui Maia faz das músicas. Talvez tirando-lhes um pouco do antigo mofo dos GNR. Já são muitos anos”. O alinhamento deverá incluir as duas canções mais recentes, “O Arranca-Coração” (“é muito provável que seja a primeira”, antecipa Reininho) e “Quem?”, que teve apenas edição digital, em 2018, e que esteve na origem da mudança na composição da banda. “A partir desse tema é que surgiu esta necessidade de mudar o line up. É curioso. Adapta-se bastante a backtracks e a coisas deste género.”

Uma das novidades para estes concertos é uma peça compósita com canções que há muito não vêem as luzes dos holofotes. “Temos um apêndice, que terá mais ou menos um quarto de hora, em que vamos buscar temas quase em medley. Excertos. Há músicas do Retropolitana, que já não era tocado há uns tempos. Um medley mais smooth. É como se metêssemos as músicas numa naquelas máquinas novas, tipo bimbo. Aquelas de cozinha. E sai assim um prato delicioso.” Quanto ao resto dos temas, apesar da data e do nome do festival, não haverá particular preocupação com namorados nem com encalhados. “Às vezes o amor, outras vezes a banca. São as nossas preocupações hoje em dia”, brinca o vocalista. “Egoisticamente, vamos fazer o nosso repertoire. Esperemos que tenha eco.”

“Sei que alguns dos meus colegas chegaram a fazer pedidos de namoro em palco e casamento, mas isto ainda não está assim Elvis Presley church. Creio que ainda não tenho autorização para juntar as pessoas do ponto de vista legal”, ri-se Rui Reininho, que adianta que “não faltam ideias para fazer outras coisas”. Discos, quer dizer. “Estávamos a pensar que a coisa saísse em 2021 e aí acertava nos 40 anos [de carreira]”, revela. “É um número redondinho, interessante e incontornável”, que esconde múltiplas passagens pelo Coliseu dos Recreios. A última foi em 2015, quando editaram Caixa Negra, o mais recente álbum da banda. A primeira vez foi a 24 de Abril de 1987, quando se decidiram a acabar com o monopólio da música de intervenção naquela sala. Uma noite que ficou para os anais na música popular.

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