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Ao ler frango frito, provavelmente a sua imaginação e paladar levá-lo-ão imediatamente para uma refeição gordurosa, para asinhas ou pernas de frango crocantes mas tão brilhantes que o óleo que deixam nos dedos daria para besuntar numa frigideira. Não é o caso no Nolita. Liza Puglia, chef americana, está a fazer uma residência temporária no Queimado, no Bairro Alto, e a mostrar que o verdadeiro frango frito pode ser uma coisa leve, que não fica a trabalhar no estômago.
Liza é cozinheira profissional e professora de yoga, natural de Nova Orleães, com uma cultura gastronómica vasta que engloba o frango frito – há outras cidades que disputam o título de capital da especialidade, mas aqui comemos a versão de Liza. Fundou o Nola Buenos Aires em 2014, um restaurante na capital argentina onde apresentou os pratos americanos e o espaço destacou-se num episódio da série Alguém dê de comer ao Phil, onde o apresentador viaja pelo mundo em busca de pérolas da gastronomia.
O Nola mantém-se firme na capital argentina, mas Liza sentiu necessidade de mudar de vida e quando aterrou em Lisboa na véspera de o governo fechar as fronteiras devido à pandemia da Covid-19, soube que era para ficar. Pelo menos por agora. Só não sabia que se ia voltar a meter de volta do frango. A oportunidade surgiu depois de Shay Ola arrumar os tachos e rumar para o Esqina Cosmopolitan Lodge e depois de uma série de contactos com fornecedores e muita ajuda de quem conhece o mercado por cá, tem o pop up montado.
No Nolita, que durará até ao final de Novembro (pelo menos), serve uma “pequena amostra” do que se come em Nova Orleães, trabalhada com alguns ingredientes portugueses sazonais e com um foco muito grande no frango frito e no bourbon. “Menu curto, grande sabor” é a promessa.
O primeiro prato principal a conhecer é o gumbo. Tem influências africanas e francesas, é ligeiramente picante, e o expoente máximo da comfort food no estado de Louisiana. “É tradição, é casa.” Neste pop up em Lisboa, Liza usa chouriço de porco fumado, frango e quiabo. É servido numa malga com arroz branco que à primeira vista até vai fazer lembrar um pratinho de arroz de cabidela – não é, mas está carregadinho de sabor (12€). Há uma versão vegetariana deste estufadinho, com batata doce, coco, lima, feijão preto, arroz e coentros (10€).
Depois há a estrela, o frango frito. Seco, crocante por fora, muito tenro e até sumarento no interior. O prato completo traz a coxa de frango desossada, num polme feito com manteiga e mel, um picadinho de couve ao estilo caldo verde, salteado, e ainda uma fatia de pão de milho, outro dos petiscos mais tradicionais do estado do sul dos Estados Unidos (10€).
Há também uma sandes, semelhante à que criou para o Nola Buenos Aires, com brioche caseiro, com frango frito no interior, desta feita o peito. Há uma versão clássica, outra mais doce ou picante (9€).
Para acompanhar ou ir picando há também pimentos padrón (5€), uma salada de espinafres, repolho, sementes e vinagrete de mel (6€) ou mais frango frito, claro, desta feita molejas, bem tenras (7€). Volta e meia acrescenta um ou outro petisco.
De doces, apenas um, uma tarte de batata doce com creme de bourbon, um clássico também sul-americano (4,50€).
Se quiser acompanhar tudo isto com cocktails dos bons, é ir até ao balcão do bar e perguntar pelos especiais da casa. É ali tudo feito à sua frente e o cheirinho a fumado vai inundando o ar. Também tem vinhos naturais portugueses ou cerveja artesanal da Musa.
Rua Luz Soriano, 44 (Bairro Alto). 21 396 0662. Qui-Sex 19.00-00.00, Sáb-Dom 13.00-00.00.
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