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O Rossio na Betesga #30: The Smallest Gallery

Helena Galvão Soares
Escrito por
Helena Galvão Soares
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Margarida Fleming trouxe uma nova inquilina para a Rua da Betesga e instalou-a nos expositores da extinta Ourivesaria Lisboa. Chamou-lhe The Smallest Gallery. Fomos saber mais.

As suas obras de arte pública anteriores resultaram de convites, ao contrário desta, que é "ilegal". Como é que foi feita a montagem? À luz do dia, ali em plena baixa?

A montagem da exposição foi feita durante a noite entre várias passagens, em que de uma maneira descontraída fui colocando as peças. Claro que tive que pensar bem antes como as iria colocar, dimensões, etc.

Como surgiu a ideia de usar aquele espaço?

A ideia surgiu num dia que passei na Rua da Betesga e reparei na montra antiga, ao abandono, achei que devia acontecer alguma coisa ali. Sempre explorei a escala e o impacto que pode ter a nível de percepção, trazendo o que estudei em arquitectura para a pintura. A ideia era fazer uma galeria aberta para a rua, em que só os mais atentos conseguem reparar. Uma galeria muito diferente das comuns galerias, com aspecto degradado e que toda a gente é convidada a visitar. Chamei-lhe “The Smallest Gallery”, por ser a exposição mais pequena, na galeria mais pequena, na rua mais pequena de Lisboa – enfatizando o facto de ser pequena e o seu carácter especial.

© Margarida Fleming

É curioso esse percurso da arquitectura para a pintura e a questão do impacto da escala. Só conhecia os murais de Entrecampos e da Lx Factory. Este é o primeiro trabalho assim nestas mini-dimensões?

No caso da instalação da The Smallest Gallery, a área de arquitectura e pintura misturam-se. Aqui as pinturas só fazem sentido ou ganham a escala correcta porque existe um contexto, um espaço semi-fechado em que existem elementos arquitectónicos como as escadas e figuras humanas. Dentro da Smallest Gallery as pinturas têm uma grande escala, mas na verdade as pinturas são de dimensões bastantes reduzidas. Isso tem piada!

Tanto a pintura como a arquitectura têm influência uma na outra e consequentemente nos seus espectadores. Uma pintura de grande escala é mais facilmente percepcionada /visível a vários níveis (tanto a nível de comunicação como visível a várias distâncias), tem realmente grande impacto, enquanto que, quando a escala é menor, passa mais despercebida. No entanto, para quem repara e a vê, facilmente fica na memória, pois foi um momento unicamente do espectador. Mas, tanto num caso [os murais] como noutro falam para toda a gente, pessoas de idades diferentes, culturas diferentes, classes económicas diferentes, sendo essa a beleza de estar na rua. Provocando, sem as pessoas a procurarem ou estarem à espera disso.

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