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O Rossio na Betesga #8: a Preta Fernanda

Escrito por
Helena Galvão Soares
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Na Praça D. Luís I, ao lado do Mercado da Ribeira, encontra-se a estátua que celebra o papel do Marquês de Sá da Bandeira na luta pelo abolicionismo. Na base da estátua está uma mulher acorrentada que representa África, apontando ao filho o estadista que abolira a escravatura nas colónias.

A mulher que serviu de modelo a esta figura era conhecida como Preta Fernanda. Nascida em Cabo Verde, em 1859, aos 18 anos fugiu com um capitão que lhe prometera casamento, mas a abandonou, e aos 20 chegava a Lisboa, casada com um industrial de cervejas alemão, que terá morrido... ou desaparecido.

Era uma mulher fogosa, extravagante e escandalosa que fez a sua vida boémia rodeada por jornalistas, intelectuais, actores. Frequentava as estreias de espectáculos das principais salas da cidade. Abriu diversos “salões” (nome que dava aos seus bordéis), com serviço de bufete, música ao vivo, salas de jogo; casas essas que fechavam, ou eram fechadas, devido às bebedeiras, barulho, pianadas, pancadaria. Teve o cabelo pintado de cor de laranja. Chegou a estrear-se no toureio a cavalo na Praça de Algés. Era de tal forma famosa em Lisboa que deu origem a uma personagem numa peça de teatro de revista.

 

DR

A sua vida dava um livro. Dava e deu, embora a autoria e factualidade das memórias seja polémica. Recordações d’uma Colonial (Memórias da Preta Fernanda) narra na primeira pessoa, possivelmente de forma bastante ficcionada, os altos e baixos da sua aventurosa existência. O volume encerra com um desdobrável que lista e descreve os seus 33 amantes. Pode ler tudo aqui:  archive.org/details/recordaesdum00valeuoft/page/n7.

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