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Televisão, Séries, Drama, The Morning Show (2019)
©DRReese Witherspoon em The Morning Show

O segundo round de Jennifer Aniston e Reese Witherspoon

‘The Morning Show’ retoma o caos provocado pelo movimento MeToo numa grande cadeia de televisão norte-americana. A série regressa esta sexta-feira, na Apple TV+.

Hugo Torres
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Hugo Torres
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É preciso seguir em frente. Como canta Benjamin Clementine, “march on”. O passado, a némesis que dá título ao tema de abertura de The Morning Show, é incontrolável e implacável, mas não é inescapável. Contra os canhões, marchar, marchar. No caso, perante o impensável, avançar, avançar. É necessário desbravar a terra queimada deixada pelo momento de intrepidez jornalística de Alex Levy (Jennifer Aniston) e Bradley Jackson (Reese Witherspoon), que se uniram para denunciar em directo, na antena da própria estação, a cultura empresarial tóxica, machista e de encobrimento que havia conduzido ao afastamento de Mitch Kessler (Steve Carell) e – spoiler! spoiler! – à morte de Hannah Shoenfeld (Gugu Mbatha-Raw). No meio do caos em que mergulhou a UBA, uma das maiores estações de televisão da América nesta ficção de prestígio da Apple TV+, é preciso continuar a alimentar a grelha, a lutar pelas audiências, em particular no popular programa da manhã, epicentro da implosão ao retardador com que terminou a temporada de estreia.

“Estamos apenas a começar, porque há toda uma nova realidade. É o caos. Ninguém sabe quem está ao comando. O que significa ser líder neste contexto?”, questionava Reese Witherspoon no início de 2020, pouco depois de a primeira leva de episódios ter chegado ao fim e ainda antes de a rodagem da segunda ter sido interrompida pela pandemia, antecipando o que estaria por vir. Na altura, Witherspoon dizia em conferência de imprensa, segundo o The Hollywood Reporter, que, depois de se concentrar no movimento MeToo, a série iria tocar noutros temas prementes do presente. “Exploramos o racismo, o sexismo, a homofobia – tudo o que está actualmente nas notícias”, adiantava. O que ainda não estava nos noticiários e que obrigaria a parar a produção e a reescrever o guião foi o Sars-Cov-2 e a Covid-19, inicialmente desvalorizados dentro e fora das redacções. E esse será o pano de fundo para a segunda temporada, que se estreia esta sexta-feira, 17 de Setembro. Em primeiro plano continuam as tricas, as insinuações, os golpes palacianos, a tensão e a gestão de egos, carreiras e sensibilidades. Quem se senta onde, quem se alia com quem.

A primeira questão que se coloca é o que acontece a Alex, Bradley e Cory Ellison (Billy Crudup), os três principais responsáveis pela “emissão pirata” que abalou a estação de alto a baixo. A showrunner Kerry Ehrin e a produtora e realizadora Mimi Leder têm algumas cartas na manga, ameaçando deixar cair uma personagem após a outra, para depois as reagrupar em renovadas circunstâncias. Admitindo ter feito parte do problema, Alex é a que fica na posição mais melindrosa. Afastar-se-á? Conseguirá manter-se longe da ribalta? E Bradley, será reconhecida como a autora do furo jornalístico? Quanto à postura de Cory, digamos apenas que não é recebida com a esperada visão de futuro pela board. Não é um dado adquirido que a queda de Fred Micklen (Tom Irwin) redunde na sua ascensão. Este, por seu lado, continua sem remorsos e vai em busca de uma aliança, uma amizade que seja, com Mitch Kessler em Itália (Steve Carell volta ao papel, o que não estava previsto). O produtor Chip Black (Mark Duplas) também foi apanhado na curva, mas não está acabado.

Uma consequência imediata dos acontecimentos da primeira temporada é a composição da redacção: está muito mais diversa, com Mia Jordan (Karen Pittman), uma mulher negra, aos comandos. As principais novidades do elenco reflectem igualmente essa diversidade, com Julianna Margulies a interpretar o papel da prestigiada jornalista Laura Peterson; com Greta Lee como Stella Bak, que ocupa o cargo anterior de Cory; e com Hasan Minhaj como Eric, que vai trabalhar em conjunto com Bradley e ser escolhido para o lugar que ela queria para si. O que a deixa à beira de um ataque de nervos, esticando a corda com a UBA. Porque, apesar de tudo, o essencial não mudou: o ambiente continua a ser de cortar à faca.

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