A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Super Baile
© Ana ViottiSuper Baile

O Super Baile do Musicbox é “pós-apocalíptico, Kraftwerk, popular”

A nova festa do Musicbox, que também é um grupo, quer “desconstruir” e elevar ao “máximo esplendor” a ideia de baile. A primeira edição está marcada para esta sexta.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
Publicidade

“Isto não foi pensado, nem altamente teorizado. Nasceu um bocado atabalhoado, e de uma ideia muito simples que foi fazer um baile popular.” É assim que o programador Pedro Azevedo começa por descrever e apresentar o Super Baile, uma nova mensalidade do Musicbox que também é um supergrupo. Formado, a pensar especificamente nestes concertos, por Lila Fadista (Fado Bicha) e João Sala (Ganso, Zarco), nas vozes, mais Raquel Pimpão (Fumo Ninja, Femme Falafel), Edvânio Vunge (Força Suprema, Nayr Faquirá) e Gui Tomé Ribeiro (Salto, GPU Panic), nas teclas, o Super Baile estreia-se ao vivo esta sexta-feira, 12, no Musicbox, e por lá continuará até Outubro. Pelo menos.

Temos vindo a assistir, nos últimos anos, a uma recuperação e reapreciação da música popular, de baile, inclusivamente o dito pimba, por uma nova geração de músicos, libertos de uma série de preconceitos de classe. É nesse contexto que surge este projecto, que o ideólogo Pedro Azevedo descreve como uma coisa muito Lisboa, Santos, tudo o que está a acontecer. O novo single do [Pedro] Mafama, até o disco da Ana Moura, o trabalho do Pedro Linha. O próprio João Não

Tudo isto foi o ponto de partida para um trabalho de reflexão sobre o que pode ser um baile popular. “Começámos a pensar o que era marcante: o vocalista e o teclista. E partimos daí para desconstruir um bocado esta ideia [de música de baile], levando-a ao seu máximo esplendor, ao excesso, e vendo o que pode acontecer a partir daí”, revela o programador do Musicbox, antes de sublinhar que a formação do grupo não foi deixada ao acaso. “Cada uma daquelas pessoas está num sítio e tem a suas características, crews, influências, sítios onde podem chegar. Tens uma pessoa que vem do fado, alguém que faz kizomba. E queríamos um som assim pós-apocalíptico, Kraftwerk, popular.”

O vocalista João Sala corrobora esta história. “Certo dia recebi um e-mail a convidar-me para o projecto, em que já diziam quem eram os outros músicos e o que pretendiam. Depois, falei ao telefone com o Pedro Azevedo, ele explicou-me a sua ideia e eu disse que sim, que alinhava. Mais tarde, tivemos uma reunião com as pessoas envolvidas neste projecto e afinámos o conceito, que no fundo é cantar versões de outras músicas que lembram o baile. Já havia um moodboard, uma playlist no Spotify que eles fizeram. E nós demos mais algumas sugestões.”

No início, iam só fazer versões de êxitos e não-êxitos alheios. “Até que o Musicbox deu ideia de fazermos uma música original. Eles queriam que houvesse um vídeo, para promover o Super Baile. Podíamos ter gravado alguma das versões que estamos a ensaiar, mas queriam que fosse uma música nossa, e a Lila deu a ideia de ser uma marcha. Só que as marchas normalmente dizem bem de bairros de Lisboa e a ideia dela foi fazermos uma marcha a gozar com a cidade.” A marcha, a que deram o nome de P’XINA”, encontra-se há uma semana nas principais plataformas de streaming.

Sexta-feira à noite, vamos ouvir pela primeira vez ao vivo “P’XINA (Marcha)”, no Musicbox. Juntamente com canções de Amália Rodrigues, Irmãos Catita, José Pinhal, até um slow de Daniel Bacelar, tudo recriado apenas com teclas e voz. Há ainda várias cantigas estrangeiras, algumas traduzidas por português, outras cantadas na língua original por Lila Tiago. “Ela aprendeu farsi, romeno e italiano só para as cantar”, revela Pedro Azevedo. No entanto, nem tudo o que aprenderam se vai ouvir na primeira noite. “Este concerto é só o princípio”, adianta João. “Nos próximos vamos ter músicas novas, remover duas ou três deste concerto que funcionaram pior e acrescentar outras.”

Musicbox, Rua Nova do carvalho, 24 (Cais do Sodré). Sex 21.30. 10€

+ Glockenwise: “O Portugal da província não é um país de acéfalos”

+ Glockenwise e outros concertos a não perder em Lisboa esta semana

Últimas notícias

    Publicidade