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Palco, Performance, Aquilo que ouvíamos, Teatro do Vestido
©João Paulo SerafimAquilo que ouvíamos

O Teatro do Vestido recorda ‘Aquilo que Ouvíamos’ no Lux

O Teatro do Vestido respiga uma série de memórias ligadas à música alternativa dos anos 80 e 90 num concerto performativo em estreia no Lux, na terça-feira.

Escrito por
Mariana Duarte
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Os concertos de punk-hardcore na Margem Sul, a chegada da new wave, os vinis comprados com a mesada possível, as cassetes onde estavam gravados programas de rádio, a mãe que deitava fora as botifarras da filha porque ela não podia andar assim vestida. Estas e outras memórias, e vestígios de memorabilia, compõem a nova criação do Teatro do Vestido, um concerto performativo co-produzido pelo São Luiz, o Teatro Nacional São João e a EGEAC, que se estreia na terça-feira no Lux.

Aquilo que Ouvíamos junta cinco músicos – incluindo os Loosers, uma das bandas seminais dos anos zero em Portugal –, actores e uma equipa transdisciplinar e transgeracional para “trabalhar criativamente as memórias do consumo de música, nomeadamente de música alternativa dos anos 80 e 90”, explica Joana Craveiro, directora artística, encenadora e dramaturga do Teatro do Vestido, companhia cuja principal matéria de criação é a memória (sobretudo política) e as histórias omitidas ou esquecidas que estão nas entrelinhas.

Palco, Performance, Aquilo que ouvíamos, Teatro do Vestido
©João Paulo SerafimAquilo que ouvíamos

Cada elemento do espectáculo (que conta com a colaboração criativa de Sérgio Hydalgo, ex-programador da Zé dos Bois) mapeou a sua própria história da música. “Aqui a relação pessoal está muito marcada porque tem a ver com os nossos acervos, os nossos interesses musicais e a nossa história, muito partilhada, de uma relação privilegiada com a contracultura de uma determinada altura.” Paralelamente, Joana Craveiro levou a cabo um trabalho documental que passou, entre outras etapas, por entrevistas, inclusive a uma mulher que ouvia punk rock no final dos anos 70, numa altura em que estava a germinar um novo cenário musical no país. “Tinha-se saído da revolução, havia a música de intervenção e entretanto surgiram estes ventos vindos de Londres, sobretudo do punk”, lembra a artista, assinalando que “a memória cultural é também sobre a história política de um país”, mesmo que neste trabalho não se fale directamente do 25 de Abril. “A revolução introduziu uma ruptura que depois permitiu que uma série de coisas começassem a ser ouvidas.”

E entre essas coisas estavam o punk, o hardcore, o metal, a new wave ou a música industrial, cujas memórias são partilhadas ao longo do espectáculo, mais precisamente a permear os 12 temas originais que são tocados ao vivo pelos Loosers (Guilherme Canhão, José Miguel Rodrigues e Rui Dâmaso), coadjuvados por Bruno Pinto e Francisco Madureira.

Aquilo que Ouvíamos conta ainda com um dispositivo de vídeo directo, já habitual nas criações do Teatro do Vestido, através do qual se poderá acompanhar “uma partitura visual” construída em parceria com João Paulo Serafim e na qual se vai manipulando e mostrando memorabilia vária, de cassetes a discos, de pins a recortes de jornais. Isso permite também, ainda que de forma incompleta, cartografar o edificar de um certo circuito de música na Grande Lisboa. De resto, Joana Craveiro deixa o aviso: “a nossa banda faz mesmo muito barulho”.

Lux. Ter-Dom 20.00 (15 a 25 de Junho). 12€.

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