Em cena na House of Neverless, o espectáculo imersivo A Morte do Corvo leva-nos até ao ano de 1924. Fernando Pessoa está vivo e recomenda-se. Quem também anda por aí – ainda que, na realidade, tenha morrido 75 anos antes, em 1849 – é Edgar Allan Poe. Nesta versão ficcional, o norte-americano tem de tal maneira ciúmes do poeta português que imagina a sua morte. É essa a trama principal, mas haverá vários acontecimentos secundários a decorrer em simultâneo, como as aventuras de Mário de Sá-Carneiro. Com um loop pelo meio, o espectáculo dura cerca de duas horas e os visitantes têm livre arbítrio para seguirem as personagens que quiserem ou para as ignorarem completamente e concentrarem-se antes na exploração dos cenários, projectados por Rui Francisco e decorados por Susana Fonseca.
Renda-se às maravilhas do teatro, com as primeiras estreias das novas temporadas, agora que a silly season chegou ao fim. Aproveite que a agenda de Lisboa tem, mais uma vez, muitos e bons motivos e garanta lugar cativo nos próximos tempos. Não precisa de ir a todas, mas vale a pena arriscar. Se houver indecisão, é ver uma agora e outra depois. Só não pode é encostar-se à sombra da bananeira: algumas carreiras são curtas e esgotam rápido. Outras são longas e esgotam na mesma.
Recomendado: As peças de teatro (e não só) que tem de ver nos próximos meses