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Open House convida-nos a sair do centro da cidade

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
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O roteiro desenhado para esta edição exclui edifícios localizados no centro nevrálgico de Lisboa, mas consegue reunir 50 espaços, 27 deles em estreia absoluta, para visitar no fim-de-semana de 21 e 22 de Setembro.

Lisboa não tem um Museu da Arquitectura, mas tem o Open House, um museu ao ar livre que cumpre a missão de dar a conhecer os nomes e a linguagem arquitectónica ao público em geral, até porque, como explica o arquitecto José Mateus – director da Trienal de Arquitectura de Lisboa – “precisamos de estar na arquitectura, de entrar, de sentir, nas suas múltiplas dimensões”. E este ano as dimensões alargam-se para espaços inéditos no evento, como é o Caso do Convento de São Domingos, da Escola Superior de Música ou do edifício da GS1 Portugal, tudo espaços inacessíveis em dias como todos os outros.

A apresentação começou esta terça-feira no estaleiro, numa visita pontuada pelos sons da maquinaria necessária a uma obra de grande envergadura, as mesmas batidas que se espalham um pouco por toda a cidade, numa sinfonia pesada e reveladora da transformação de Lisboa nos últimos anos. Estávamos no meio de paredes ainda despedidas que seguram uma futura moradia em Campo de Ourique, entre o Cemitério dos Ingleses e a Escola de Hotelaria de Lisboa. Um edifício devoluto que está agora a transformar-se no projecto do atelier Camarim Arquitectos para albergar uma casa de família e que será um dos 50 espaços de portas abertas (e em obras, neste caso) entre 20 e 21 de Setembro.

Casa em Campo de Ourique
©DR

O roteiro de apresentação desta 8ª edição – com um programa desenhado pela curadora e arquitecta Patrícia Robalo – incluiu espaços localizados em Campo de Ourique. Como a Igreja de Santa Isabel, que iniciou um processo de reabilitação em 2013 liderado pelo Appleton & Domingos Arquitecto. Uma igreja do século XVIII com um tecto do século XXI, onde encontra o “Céu para Santa Isabel”, uma obra do artista plástico suíço-americano Michael Biberstein (1948-2013). Uma pintura executada à mão naquela que é a maior abóbada da cidade.

Igreja de Santa Isabel
©DR

Do programa faz parte também a Rede das Artes e Ofícios, um projecto do atelier Artéria – Arquitectura e Reabilitação Urbana que divulga os muitos ofícios que têm ajudado a resgatar e a reabilitar a cidade e que, como diz a arquitecta Ana Jara, do Artéria, tem mostrado que  “Lisboa não é uma cidade só de serviços e turismo”. A representar a rede nesta edição do Open House está a oficina de conservação e restauro Salvarte, fundada em 2006 e especializada em papel. A equipa é constituída por quatro mulheres que se dedicam a fazer renascer livros, plantas, globos, leques de papel, caixas de jogos, serigrafias, entre outras obras. Um exemplo das redes de mobilidade e organização da cidade que compõem o programa que este ano inclui a Rede de Metro (com quatro percursos comentados), o Mercado de Arroios, a Feira do Relógio e até a inclusão das informações das ciclovias no mapa do evento, que inclui propostas de percursos para fazer de bicicleta, skate ou trotineta.

Salvarte
©DR

Todas as visitas podem ser feitas livremente ou com a ajuda de voluntários (os horários estão no site oficial) e só quatro dos espaços do Open House pedem marcação: a Biblioteca Nacional de Portugal, a Casa no Restelo, a Fundação Champalimaud e os Silos Portuários do Beato.

Pelo terceiro ano consecutivo, o evento não deixa ninguém de fora e inclui as Visitas Acessíveis para pessoas com deficiência visual, auditiva ou intelectual, este ano conciliadas com as Actividades Júnior. É o caso das visitas com “toque, tempo e movimento” e diversas actividades lúdicas que despertam os sentidos. E como é tradição, os espaços do roteiro recebem o Programa Plus, uma programação paralela recheada de eventos, entre concertos, teatro, performances, exposições, aulas e passeios.

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