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Palacete centenário na Lapa renovado e transformado em espaço cultural

Escrito por
Beatriz Silva Pinto
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Após meio ano de obras de reabilitação, o Palacete dos Condes de Monte Real vai abrir portas e acolher exposições, concertos e workshops. A inauguração é nesta quinta-feira.

Plantado no início do século XX na Lapa, este palacete vai ganhar uma nova vida a partir desta quinta-feira – dia em que é inaugurado como espaço de “preservação e difusão das artes, cultura e música”. As palavras são de Emily Kuo Vong, a empresária chinesa que financiou a recuperação do edifício e ali vai instalar a sede da Federação Internacional de Música Coral (IFCM na sigla em inglês), até agora nos EUA.

Apesar de não estar continuamente de portas abertas ao público, vão existir ocasiões em que Lisboa é convidada a entrar. Uma delas é aquando da World Choral Expo, um evento dedicado à música coral entre 27 de Julho e 1 de Agosto. Organizado pela IFCM – de que Emily é presidente –, o certame promete trazer à capital coristas, maestros e compositores de cerca de 80 países. Já há concertos planeados no salão daquele edifício e em igrejas, mas a grande maioria será no Teatro Nacional de São Carlos, que se fez parceiro da IFCM. E, em Novembro, também com a colaboração do TNSC, Emily vai levar a ópera Farewell My Concubine para dentro das portas do palacete.

De resto, todos os meses existirão novas actividades, entre concertos, workshops e programas de intercâmbio cultural, assegura a investidora. Para já, o que está à vista é a exposição de 17 pinturas de autores portugueses, entre as quais estão obras de João Feijó, Diogo Navarro, Luzia Lage e Rui Carruço.

Fotografia: Manuel Manso

Foi há dois anos que Emily se mudou, com a família, dos Estados Unidos para Portugal. Com ela, trouxe os seus projectos. “Em 2017 fui eleita presidente da ICFM e achei que podia fazer algo em Portugal para ajudar ao desenvolvimento da música coral”, explica à Time Out a empresária que diz ter a cabeça nos negócios, mas o coração nas artes e música.

Decidiu que iria mudar a sede daquela fundação de Chicago para Lisboa e começou a busca pela “casa ideal”. Assim que entrou no palacete foi “amor à primeira vista”, conta: “Os azulejos, as velhas madeiras esculpidas, conquistaram-me. Queria proteger este edifício e renová-lo. Porque quando vim cá pela primeira vez as condições eram muito más. Havia danos no telhado e nos tectos e muitos danos causados pela água. Estava ao abandono.”

Limpou-se a pedra, pintou-se a fachada, mudaram-se as janelas (que são mais de uma centena), fez-se um novo telhado e o interior ficou “como era há 100 anos”, garante a investidora. Também foi preservada nas paredes a enorme colecção de azulejos dos primeiros proprietários – azulejos estes recolhidos e comprados em vários locais da capital e arredores desde o século XVII até ao século XX.

Fotografia: Manuel Manso

Passeando pelo palacete, vemos pinturas e esculturas, maioritariamente peças chinesas e portuguesas. Algumas delas pertencem à colecção privada de Choi Man Hin, presidente do conselho de administração do Casino Estoril. Entre as dezenas de salas do edifício, há vários espaços que serão dedicados a jantares privados, outros destinados a exposições e, ainda, um salão para concertos.

A empresária não quis revelar o valor do investimento na reabilitação do imóvel, embora tenha dito que foi "avultado".

Rua de São Domingos, 100.

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