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Palácio Nacional da Pena
© José Marques SilvaPalácio Nacional da Pena

Palácio Nacional da Pena recupera decoração original da Sala de Visitas

O projecto de reconstituição histórica revelou a preferência do rei D. Fernando II por uma “decoração luxuosa, elegante e sofisticada, que impressionasse quem ali era recebido”.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Foram precisos sete anos para reconstituir a decoração original da Sala de Visitas do Palácio Nacional da Pena. Além de se ter apurado que a maioria das peças que decoravam o espaço no século XIX continuavam no acervo do Palácio, tendo agora regressado ao local para o qual foram escolhidas, foi finalmente possível reconstituir, “fielmente”, os têxteis em veludo azul dos estofos e da armação do fogão de sala. Entre pintura mural, mobiliário e demais objectos decorativos, sobressai o “ouro sobre azul”, reflexo do investimento feito pelo rei D. Fernando II numa “decoração luxuosa, elegante e sofisticada, que impressionasse quem ali era recebido”, como revela a Parques de Sintra em comunicado.

A Sala de Visitas, conjuntamente com a Sala Verde e o Átrio da Sacristia, faziam parte da zona mais pública do palácio. As visitas quotidianas de D. Fernando II e da Condessa D’Edla entravam pela porta do Átrio da Sacristia, aguardavam na Sala Verde, onde se encontrava o livro onde assinavam o seu nome, e só depois eram recebidas, de pé, na Sala de Visitas. Algumas chegavam a ser convidadas a aceder a áreas mais privadas, mas tudo dependia do grau de proximidade com o monarca e a Condessa, do assunto a tratar ou da causa da visita.

Para perceber como era a Sala de Visitas nessa época, foi necessário estudar os inventários históricos do monumento, o seu acervo e até as facturas das aquisições de D. Fernando II, o monarca responsável por mandar edificar o Palácio da Pena, para a decoração de interiores. A equipa de investigadores recorreu ainda a uma “preciosa imagem estereoscópica captada por Carlos Relvas, que retrata esta divisão no início da década de 1870”. As fontes consultadas revelaram então que, para além da ornamentação das paredes e do tecto com pintura mural em “trompe l’oeil” alusiva à arquitectura islâmica, que D. Fernando II encomendou em 1854 a Paolo Pizzi, também a decoração do espaço foi pensada com um cuidado especial.

Em termos de mobiliário, por exemplo, a escolha recaiu em peças de produção nacional dos séculos XVII e XVIII, em pau-santo, com tremidos e torneados, que D. Fernando II muito apreciava, como são exemplo a secretária, o contador e o bufete que preenchem a sala. Para decorar as referidas peças, o monarca escolheu “objectos decorativos de alta qualidade”, como um par de candeeiros franceses em bronze e porcelana azul e diversas peças de porcelana oriental da sua colecção. Mas o maior investimento foi mesmo nos elementos têxteis, que completavam o cenário e lhe conferiam o pretendido “carácter protocolar e de aparato”. Foi esse, aliás, o ponto de partida e o maior desafio do novo projecto museográfico para a Sala de Visitas.

Com base numa factura da Casa Barbosa e Costa, descobriu-se que o veludo azulino foi encomendado por D. Fernando II para revestir quer os estofos, do canapé e das cadeiras, quer a armação do fogão de sala. E foi de facto possível fazer essa reconstituição, mas está ainda a faltar a colocação de algumas peças de mobiliário, que vão ser alvo de restauro, bem como a aplicação de cortinas em veludo azulino. De qualquer forma, a renovada Sala de Visitas já está disponível para, como o próprio nome sugere, visitas.

Palácio Nacional da Pena, Estrada da Pena (Sintra). Parque: Seg-Dom 09.00-19.00. Palácio: Seg-Dom 09.30-18.30. 12,50€-14€

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