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Alexandre Guarneri conheceu Portugal há 30 anos, na mesma altura em que fundou a sua própria marca de moda e lhe deu um nome que perdura até hoje, Homecore. Por cá, não precisou de muito tempo para se encantar, a começar pela qualidade da confecção nacional. As primeiras peças foram produzidas na zona de Palmela, para depois rumarem ao Norte do país. Chegou a pensar na China, mas nunca chegou a fazer as malas.
Há dois anos, mudou-se para Lisboa. Na Rua de São Bento, a namorada foi a primeira a montar o estaminé — o Café São abriu no Verão de 2020 e veio adoçar o dia-a-dia do quarteirão. Agora, foi a vez de Alexandre abrir portas à sua mais recente empreitada, uma loja. "A ideia foi dar a conhecer a marca, mas também trazer para o espaço as coisas de alguns amigos, objectos duráveis e que ainda não se vejam muito por cá", explica o anfitrião.
Comecemos pela Homecore, a grande estrela desta companhia. Disposta em dois expositores, a colecção divide-se entre as linhas masculina e feminina. No vestuário, há um tipo de minimalismo que privilegia os cortes e os materiais. Nos anos 90, esta foi uma etiqueta francesa ligada à cultura hip-hop, segundo explica o designer. Actualmente, a prioridade é dada a um design mais intemporal e à durabilidade das próprias peças. Os encaixes e linhas geométricas fazem igualmente parte desta linguagem. Muitas das roupas são reversíveis e feitas com tecidos provenientes de stocks parados de fábricas portuguesas.
Mas há mais para descobrir nesta loja, que abriu portas há menos de uma semana. Veja, os ténis que andam nas bocas do mundo, estão aqui e são, também eles, um projecto de amigos. La Boite Concept, uma marca francesa de colunas, gira-discos e sistemas de som, demonstra uma verdadeira valorização do design, enquanto as cerâmicas de Cécile Mestelan incorporam as linhas de algumas das peças da Homecore. A montra fica completa com a perfumaria e cosmética da bicentenária Buly e com as almofadas do Flores Textile Studio.
Alexandre mostra-se especialmente orgulhoso da intervenção no espaço. A ampla sala branca albergava uma velha padaria, parte da Panificação de São Roque, da qual restou apenas um painel de azulejo, exposto junto aos provadores. Mesmo aberta ao público, a loja ainda sofre os últimos retoques. Do lado da curadoria, espera-se que novas marcas se possam juntar ao portfólio de arranque. Isso, eventos pop-up e lançamentos. O novo inquilino da Rua de São Bento quer ir muito além das compras.
Rua de São Bento, 96. Seg-Sáb 11.00-19.00.