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Catalazete
Mariana Valle Lima

Pode uma cervejaria criar o hábito de se rumar à Marina de Oeiras?

A Catalezete abriu na Marina de Oeiras com o objectivo de a tornar num destino para qualquer altura do ano.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
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O nome soa estranho, mas não a toda a gente. Quem vive em Oeiras desde sempre sabe que Catalazete é o nome da praia que fica junto ao Forte de Nossa Senhora das Mercês de Catalazete. Agora, é também o nome de uma cervejaria que abriu na Marina de Oeiras. Na cozinha, está Bruno Oliveira, chef que deixou a alta cozinha para se atirar aos petiscos.  

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Mariana Valle Lima

“Precisamos de aproveitar a memória do sítio e trazê-la para aqui, queremos trazer outra vez o nome para cima. É engraçado porque temos tido reacções muito simpáticas em relação a isso. As pessoas mais velhas passam e comentam, contam histórias”, conta Mafalda Mateus Ferreira, que abriu a Catalazete juntamente com dois irmãos e o amigo Bruno Oliveira. “Somos os quatro da Linha e sentíamos que aqui na Marina havia esta oportunidade”, diz. A Marina, na verdade, não lhe é estranha. Já cá tem o Maruto Bar & Bistro (e o bar com o mesmo nome em Alfama também lhe pertence). Foi assim que soube da disponibilidade do espaço. Optar por uma cervejaria foi natural. “É verdade que na Linha há boas cervejarias, como o Relento ou o Eduardo das Conquilhas, mas sentíamos que aqui não havia nada do género. Pensámos logo que aqui era para ser um restaurante a sério, uma cervejaria, e lembrámo-nos imediatamente do Bruno, que além de ser nosso amigo de infância já tem bastante experiência como chef de cozinha”, aponta Mafalda. 

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Mariana Valle LimaBruno Oliveira

Bruno estava então como sub-chef do estrelado LAB by Sergi Arola, no Penha Longa. Antes disso, comandava a cozinha do Arola, o restaurante mais descontraído do chef catalão. Passou também pela Cevicheria ou o Rubro, depois de ter estagiado no Belcanto de José Avillez. “Cansei de Michelins. Eu identifico-me mais com a nossa comida tradicional, com os nossos petiscos. Toda aquela envolvência dos Michelins é um tipo de cozinha onde já não quero estar. Isto dá-me mais liberdade, não é tão perfeccionista, apesar de a exigência se manter”, explica Bruno, para quem a Catalazete é “um sítio descontraído, agradável”, com petiscos portugueses – “se calhar com uma outra apresentação, sempre tentando que a técnica exista nos pratos”. “Aprendi tanto em Michelins que não vou deitar tudo fora”, justifica. 

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Mariana Valle LimaChoco frito com maionese de alho e lima

O choco frito com maionese de alho e lima (9,5€), as amêijoas à Bulhão Pato (16€), a salada de polvo (9,5€), as gambas al ajillo (13,5€), a casca de sapateira recheada (14,5€) e o pica-pau de novilho ou do lombo com ovo a baixa temperatura (9,5€/16,5€) são alguns dos petiscos na carta, que podem ser pedidos a qualquer hora. Também há uma mariscada (65€), que inclui habitualmente seis ostras, 300g de camarão cozido, uma sapateira cozida e 200g de amêijoas à Bulhão Pato, mas Mafalda alerta: “Somos uma cervejaria, não uma marisqueira”. 

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Mariana Valle LimaPica-pau com ovo a baixa temperatura

“Queremos trabalhar muito o peixe do mar e alguns mariscos, sem nunca fugir ao nosso conceito de cervejaria”, acrescenta Bruno, destacando ainda a grelha a carvão, para peixe e carne, bem como as diferentes opções de prego, entre as quais o prego no pão à Catalazete, com queijo da serra (14,5€). 

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Mariana Valle LimaPrego no pão com queijo da serra

O historial de Bruno sente-se curiosamente nas sobremesas. Tanto no pudim Abade de Priscos com espuma de abacaxi (5,5€), como na aletria cremosa com gelado de canela (5,5€) ou no fondant de chocolate e gelado de baunilha (4,5€). “A carta tem estado a evoluir. Não queríamos fazer uma carta muito extensa”, continua o chef, argumentando que ainda não houve tempo para perceber a clientela, até porque falta tornar a Marina de Oeiras num ponto de peregrinação. “À Marina de Cascais toda a gente vai, à Marina de Oeiras nem tanto.”

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Mariana Valle LimaPudim Abade de Priscos com espuma de abacaxi

Para Mafalda, isso é fruto de um subaproveitamento que dura há muitos anos, bem como da pouca divulgação. “É preciso voltar a criar o hábito. Por exemplo, nós aqui no Inverno sabemos que os dias de sol são melhores que dias de Verão porque as pessoas estão sedentas e, como não podem ir para a praia, vão para os restaurantes."

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Mariana Valle Lima

É a pensar nisso que à cozinha juntam a aposta numa programação que possa chamar pessoas. É o que acontece com as noites de música ao vivo. “Queremos um espaço aonde as pessoas possam vir almoçar, mas que possam também vir durante à tarde e aproveitar esta vista a beber um cocktail ou uma cerveja”, conta Mafalda, apontando para as cervejas artesanais, incluindo uma com o nome da cervejaria, uma blonde ale (2,6€/20ml, 5,4€/50 ml), feita em parceria com a Oitava Colina. “Queremos aproveitar também a noite, vamos ter alguns eventos. A ideia é tentar criar hábito, aproveitar o espaço. A zona está a rejuvenescer muito e queremos ser um espaço com o qual as pessoas se identifiquem”, aponta ainda Mafalda. Seja para uma refeição em família, seja para uns copos com petiscos. 

Marina de Oeiras, Porto de Recreio. Qua-Qui 12.00-00.00, Sex-Sáb 12.00-01.00, Dom 12.00-00.00

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