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Dois meses depois de a rede nocturna da Carris Metropolitana (CM) ter passado a abranger todas as áreas da região metropolitana de Lisboa, a empresa Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) realça os "números bastante elevados de procura". "Todas as linhas nocturnas têm um crescimento superior a 10% e não é só porque aumentamos a oferta, também tem a ver com a comunicação, porque muitas delas já existiam mas as pessoas não as conheciam", explicou o administrador da TML, Rui Lopo, numa apresentação aos jornalistas, esta quarta-feira, 2 de Julho.
No período nocturno (das 20.00 às 03.59, já que a partir das 04.00 são considerados serviços diurnos), a rota mais concorrida é entre o terminal de autocarros da Costa de Caparica, em Almada, e o Cais do Sodré, em Lisboa, que só em Maio deste ano recebeu 4497 validações de passageiros, de acordo com os dados fornecidos à Time Out. Já a linha que teve o maior crescimento no período da madrugada (da meia-noite às 03.59) foi a 4701, que liga a Estação do Oriente, em Lisboa, ao Vale da Amoreira, no Barreiro: a procura cresceu 47% até Maio. Também no período da madrugada, destaca-se a ligação entre a Estação do Oriente e Santa Iria da Azóia, cujos serviços foram reforçados a 1 de Abril, registando um crescimento de 36% na procura.
Os dados, porém, não surpreendem, já que zonas como Alcochete, Palmela, Sesimbra, Barreiro, Moita ou Montijo estiveram até há pouco tempo desprovidas de oferta intermunicipal. "Dizia-se que a Margem Sul estava sitiada a partir das duas da manhã", ilustra Rui Lopo. Com "falta de um meio pesado", como um comboio ou uma rede de metro mais abrangente, em toda a região, o transporte rodoviário é a alternativa possível para suprir as necessidades de quem se desloca entre concelhos da Margem Sul ou, muitas vezes, entre Lisboa e zonas como Alcochete ou Moita.
Ainda no plano das linhas nocturnas, para muitos o único meio de deslocação a partir da hora em que sai o último barco ou comboio, a carreira que liga o Freeport, em Alcochete, à Estação do Oriente, em Lisboa (com passagem pelo Montijo), e a que vai do Campo Grande até às torres da Bela Vista, passando pelo Lumiar, são das mais procuradas, tendo transportado 3417 e 3399 passageiros no mês de Maio.

As primeiras linhas com serviço exclusivamente nocturno da Carris Metropolitana (embora já existissem serviços a funcionar além da meia-noite e com partidas antes das 05.00) foram lançadas em Abril de 2023, ligando a Charneca de Caparica a Lisboa (Sete Rios) e a Costa de Caparica ao Cais do Sodré. Dois anos depois, todas as áreas abrangidas pela Carris Metropolitana passaram a dispor de serviço 24 horas, existindo 70 horários disponíveis entre as 21.00 e as 06.00.
Terminais lotados
Apesar de entrarem, a cada ano, cada vez mais automóveis em Lisboa, também os barcos que ligam a capital a Almada e ao Barreiro estão muitas vezes cheios e o congestionamento constante nos comboios que circulam na Ponte 25 de Abril mostram como também a procura nos transportes públicos, nas suas variadas frentes, continua a aumentar. Um fenómeno complexo onde entram variáveis como os problemas da habitação e a crescente distância no binómio casa-trabalho. Nesse sentido, "a terceira travessia sobre o Tejo seria extremamente importante", reconhece Rui Lopo, explicando que a CM está "sempre atenta à procura" e pronta a avançar para eventuais reforços que se mostrem necessários.
Entre Maio de 2024 e Maio de 2025, a CM registou um crescimento de 15% na procura, com subidas em todos os concelhos da região. Dando o exemplo da carreira entre a Estação do Oriente, em Lisboa, e o Vale da Amoreira, no Barreiro, Rui Lopo ilustra: "Nós reforçamos, pomos mais um autocarro e ele enche. Qualquer dia eles andam em fila." Em termos globais, num ano (até Maio de 2025), o número total de passageiros da CM cresceu de 15,3 milhões para 17,7 milhões.
A mesma concentração de pessoas é visível nos diferentes terminais da Grande Lisboa, com os do Oriente, Campo Grande ou da Portela de Sintra já a capacidade de resposta afectada, de acordo com o administrador da TML. "São necessárias adaptações", afirma Rui Lopo, reconhecendo a dificuldade de se avançar com algum tipo de intervenção. "O fundamental é não desistir e criar andamento para que as coisas se resolvam, e está a criar-se andamento nas diferentes layers", garantiu o responsável, referindo-se às câmaras municipais e outros intervenientes na área da mobilidade, quando questionado pela Antena 1 sobre o tema dos terminais.
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