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Produtores locais, esplanada comunitária e um mercado de Natal: o Santos Collective está instalado

Apesar da falta de turistas e de pessoas em geral na rua, há quem tente contrariar a tendência com mercados que saem em auxílio dos produtores locais. E dos moradores.

Renata Lima Lobo
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Renata Lima Lobo
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A comunidade de Santos tem-se reunido em torno de um colectivo que há já alguns meses desenvolve um conjunto de iniciativas de apoio ao comércio local e, por consequência, a todos os que por ali circulam. Todos os sábados, até ao final do ano, o largo em frente à Igreja de Santos-o-Velho recebe o Farmers Market, um mercado sim, mas também uma iniciativa solidária do chamado Santos Collective.

Tudo começou com uma Festa Estranha. Em Fevereiro, Tiago Jorge, dono da Mercearia da Mila, resolveu contribuir para a comunidade local com uma festa, desafiando todos os vizinhos a juntarem-se a um evento solidário que contou com street food, um mercado de trocas e muita música – de DJs sets a um espectáculo de fado. “Como tenho um negócio na Rua de Santos-o-Velho e sempre acreditei no dever dos negócios darem à comunidade onde estão, apoio frequentemente a Assistência Paroquial de Santos-o-Velho e desta vez quis organizar um evento maior para podermos oferecer-lhes uma carrinha para apoio logístico e domiciliário”, explicou Tiago na altura à Time Out. Moradores e comerciantes da zona doaram produtos para venda, prémios para rifas e o seu próprio tempo, que, como todos sabemos, também vale dinheiro.

Correu tudo tão bem que a organização não quis ficar por aqui, até porque havia um espírito de integração nesta iniciativa: da comunidade estrangeira residente, que muito visita a Mercearia da Mila, com a comunidade portuguesa, como explica Joana Bernardes, gestora do novo Santos Collective: “Correu lindamente, muitas pessoas participaram como puderam, há um espírito grande de comunidade para explorar. E podia ser feita qualquer coisa a longo prazo no largo da Igreja de Santos-o-Velho.”

Assim nasceu o Espaço à Larga, uma esplanada colectiva nesse mesmo largo (um espaço disponibilizado pela igreja), que desde o Verão apoia o comércio local ao acrescentar um espaço ao ar livre a diversos negócios de restauração, com o aval da Junta de Freguesia da Estrela. Nesta “zona segura”, como a descreve Joana, encontra as iguarias dos restaurantes locais, que fazem a entrega na esplanada comunitária (Seg-Sex 17.00-23.00, Sáb-Dom 09.00-23.00), enquanto que o Santos Collective desenha um menu comum. No fim do dia guardam os recibos para depois devolverem os ganhos aos restaurantes – o colectivo só fica com o lucro das bebidas consumidas, que ajuda a pagar os ordenados a quatro novos postos de trabalho criados para este projecto. O crescente interesse de mais restaurantes determinou que uma vez por semana haja um “take over” da Mercearia da Mila, onde podem fazer catering no largo e integrar o menu colectivo.

Santos Collective
©Velcro Eye


E regressamos ao Farmers Market, das últimas iniciativas em curso do Santos Collective, um mercado de produtos, frutas e legumes orgânicos que é também um piscar de olho ao passado deste largo, onde em tempos se faziam trocas de alimentos. “A primeira edição foi óptima e já todos marcaram até ao final do ano”, explica Joana, referindo-se aos oito produtores que marcaram presença a 10 de Outubro. O próximo passo é organizar um mercado de Natal, à semelhança de alguns países do Norte da Europa, uma iniciativa que sai em apoio dos artesãos. A caminho está uma parceria com o Flea Market, do Anjos70, que uma vez por mês vai aqui instalar uma feira vintage. “Este Inverno vai ser um bocado duro e não queremos desistir. Queremos que este projecto seja replicado noutros bairros”, espera a gestora do Santos Collective.

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