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Replay promove economia circular com reciclagem criativa de brinquedos

A primeira rede de recolha e reciclagem criativa de brinquedos em fim de vida está prestes a arrancar. E as famílias são convidadas a fazer a sua parte.

Raquel Dias da Silva
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Raquel Dias da Silva
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Pergunte aos miúdos se eles sabem onde vão parar os brinquedos estragados ou que já não usam. É provável que, em vez de responderem, encolham os ombros ou devolvam a pergunta. Se também não sabe, nós ajudamos. Em Portugal, quase 30 milhões de brinquedos acabam em aterros ou incinerados, todos os anos. É que, prepare-se para apanhar o queixo, a maior parte é fabricada a partir de uma mistura de diferentes materiais, o que torna difícil ou praticamente impossível a sua reciclagem no sistema de gestão de resíduos. Agora, a Zero Waste Lab e a Precious Plastic Portugal propõem testar o que poderá vir a ser a primeira solução para este problema.

Chama-se Replay e é uma rede de recolha e triagem de brinquedos em fim de vida, que promove a sua transformação criativa. “Criar novos brinquedos é importantíssimo”, explica Ana Salcedo, co-fundadora do Zero Waste Lab, associação lisboeta dedicada a sensibilizar e educar os cidadãos acerca dos problemas relacionados com o desperdício. “Queremos começar com as crianças e acabar com as crianças.” Assente no conceito de economia circular, o projecto não só quer incentivar a discussão pública e política sobre a falta de destino de reciclagem para tantos objectos, como se compromete com a criação de um circuito nos municípios de Figueira de Castelo Rodrigo, Porto, Évora, Cascais e Lisboa. Mas, para funcionar, é fundamental a participação de pais e filhos.

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Transformando o quarto dos brinquedos (ou outra divisão da casa) numa linha de desmontagem, as famílias são convidadas a seleccionar brinquedos para desconstruir e separar por material, para depois os depositar num dos vários pontos de entrega disponíveis. “Apesar de não ser possível reciclar tudo, vamos conseguir perceber o que é possível desviar do lixo. Dá trabalho, mas estamos a proteger e a ensinar os nossos filhos”, descreve Ana. “A ideia é aproveitar estarmos todos em casa para pôr as mãos na massa.” O plástico recolhido até Maio será encaminhado para os laboratórios de cada uma das cidades participantes, que se encontram dotados de um conjunto de quatro máquinas necessárias para a sua transformação.

“No OPO’Lab, produzimos máquinas com base no plano técnico de Dave Hakkens, fundador do movimento global Precious Plastic”, revela Irena Übler, designer de produto da Precious Plastic Portugal, no Porto. “A reciclagem criativa dos brinquedos será feita com essas mesmas unidades, que vendemos para o mundo inteiro.” A primeira, uma trituradora, produz granulado de plástico. Na de extrusão, o granulado é disposto num funil e aglomerado depois num filamento de plástico. Na máquina de injecção, o material é aquecido num tubo e prensado até virar molde. Na de compressão, também é aquecido, mas desta vez para ser pressionado lentamente, num dos moldes criados, com recurso a um macaco hidráulico. Este último processo é mais moroso, mas permite construir objectos maiores.

Precious Plastic Portugal
Precious Plastic PortugalConjunto de máquinas para reciclagem

O plástico excedente será enviado para a empresa Extruplás, que o irá transformar em caixas para promover a troca de brinquedos nos bairros. Já os componentes electrónicos e as pilhas são encaminhados para o Electrão. Os restantes materiais – como metal, borracha, cartão e tecido – seguem para diferentes fluxos de reciclagem nacionais e locais ou para oportunidades de upcycling.

A recolha dos primeiros dados qualitativos e quantitativos sobre brinquedos e os seus materiais deverá permitir “estender a responsabilidade aos produtores de brinquedos, para no futuro serem eles a financiar um sistema de reciclagem eficaz e permanente”, resume Ana. “Discute-se muito o que está mal, mas não se faz. Nós assumimos esse risco, com espírito de aventura, para perceber o que funciona. E queremos envolver a comunidade.”

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