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Rodas e bolinhos: o Coffee Time Tour serve pastelaria portuguesa a bordo

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Sabia que pode viajar entre Belém e os Restauradores, enquanto prova doçaria local? Sentámo-nos à mesa de um autocarro, provámos e aprovámos.

Tours há muitas e é preciso puxar pela imaginação para conseguir uma receita vencedora. Cecília Pina Prata e Frederico Peten, mãe e filho, não só reuniram os ingredientes certos como fizeram parcerias com duas casas da região conhecidas pela boa pastelaria.

Um autocarro de dois andares, azul a desafiar o céu, viaja desde Agosto entre duas das mais conhecidas praças de Lisboa, a do Império e a dos Restauradores. Um negócio com rodas para andar que tem andado a afinar os pormenores e a estudar a melhor forma de proporcionar uma viagem de cerca de uma hora em que o convívio é rei. E o conforto também.

Ao leme (ou ao volante, mas no sentido figurado) do Coffee Time Tour estão Cecília Pina Prata e Frederico Peten, mãe e filho que se juntaram para liderar uma ideia original que tanto apela aos turistas como aos lisboetas: uma viagem num autocarro de dois andares, importado da Alemanha e modificado na Sertã. É que este gigante sobre rodas permite que os clientes se sentem à mesa, a uma das muitas mesas que foram instaladas nos dois andares do veículo, forrado a bancos azul-bebé, a fazer pandã com a cor dominante no exterior do autocarro. O objectivo não é pôr a circular em Lisboa mais um tour histórico, com alguém sempre colocado ao microfone a explicar como D. Afonso Henriques conquistou Lisboa ou como o Marquês de Pombal fez renascer a cidade após o Terramoto. É, sim, fazer um passeio em que o convívio deve estar sempre em cima da mesa, adocicado por pastelaria local.

Fotografia: Inês Félix

Das colunas da viagem sai essencialmente música portuguesa, com seis horas em loop preparadas por Frederico, que incluem artistas como Ana Moura, Jorge Palma, Sérgio Godinho, Rui Veloso e por aí fora. E ao passar por locais assinaláveis, Frederico toma o microfone para dizer algumas informações mais “curtas e directas”, para os viajantes saberem por onde andam. Até porque o mais provável é estarem distraídos com as queijadas e salames da Casa do Preto (Sintra) ou os pastéis de nata e os palmiers recheados da Aloma, tudo em versão miniatura. Quem quiser aumentar a sua bagagem cultural, pode sempre descarregar um guia turístico em PDF disponível no site oficial do Coffee Time Tour (em coffeetimetour.com). Aí está quase tudo, tintim por tintim. Por exemplo, sabia que as figuras de bronze do pedestal do Monumento aos Restauradores representam a Vitória, com uma palma e uma coroa, e a Liberdade? Ou que a Avenida da Liberdade é considerada a 35.ª avenida mais cara do mundo? Ah, e que a estátua de D. Pedro I no Rossio tem 27,5metros de altura? Só mais uma? O terramoto de 1755 derrubou o Paço da Ribeira (na actual Praça do Comércio), destruindo os mais de 70 mil volumes da sua biblioteca. Toda esta informação está disponível em inglês, francês, espanhol e português, as quatro línguas dominadas por Frederico e Cecília.

Fotografia: Inês Félix

Ao longo do percurso, entre a Praça do Império e a Praça dos Restauradores vai aprender isto tudo, mas só se quiser. O conhecimento aqui é facultativo, já os comes e bebes não. Na compra de um bilhete tem direito a uma bebida quente ou fria (café, chá, chocolate quente ou sumo de laranja) e a quatro bolos tradicionais portugueses, os tais da Aloma e da Casa do Preto, sem contar com wifi em todo este território móvel, entradas USB em cada lugar de passageiro e ambiente climatizado. Só não existe WC a bordo e por isso mesmo menores de seis anos não podem subir a bordo, essas pestes do “quero fazer xixi”. Além disso o autocarro que viaja entre Belém e os Restauradores (e vice-versa) não faz paragens pelo caminho. E as partidas são diárias: dos Restauradores saem todos os dias às 09.30, 12.20 e 15.45 e de Belém às 10.50, 14.20e 17.10 (sendo que nos dias mais frios este último horário desaparece). Se não lhe apetecer andar de um lado para o outro, enquanto o autocarro está parado em Belém é possível entrar só para lanchar. “À porta” estão umas tabuletas com o convite para entrar e sentar ou  levar consigo os seguintes produtos: miniatura e café (3€), copo de vinho do Porto (3€), cerveja (2€), água (1€) ou café (1,5€, Nespresso). 

Fotografia: Inês Félix

Para já, e pelo menos até Março, os preços foram fixados em 10€ para quem quiser viajar no piso de entrada,12,50€ no piso superior e 15€ nos lugares da frente do piso superior, com direito a copo de champanhe. O Coffee Time Tour tem ainda uma parceria com o Lisboat, que tem barcos a partir de Belém em direcção ao Cais do Sodré a cada meia hora. O bilhete conjunto custa 20€. Se quiser pode ainda reservar todo o autocarro para uma festa privada, mas isso já terá de negociar com a equipa da casa.

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